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Em 8 meses, 553 mil entram em sindicatos
Segundo dados do Ministério do Trabalho, 4,838 milhões de empregados estão associados a um sindicato no Brasil
Maior número de empregos formais e disputa entre as centrais sindicais explicam crescimento; CUT é a que mais ganha filiados
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de trabalhadores
filiados a sindicatos no país
cresceu 13% de abril a dezembro do ano passado, passando
de 4,285 milhões para 4,838
milhões, segundo último levantamento do Ministério do Trabalho (MTE). No período de oito meses, 553.362 trabalhadores se associaram a sindicatos.
A expansão da sindicalização
é reflexo do aumento no número de empregos com carteira
assinada (foi aberto 1,452 milhão de vagas no Brasil em
2008) e da disputa acirrada entre as centrais sindicais para filiar mais sindicatos, provar representatividade e assim receber parte maior do imposto sindical (o equivalente a um dia de
salário do trabalhador).
Para ter direito aos recursos
do imposto sindical, a lei nº
11.648, que reconheceu as centrais, em março de 2008, determina que elas comprovem um
mínimo de representatividade
-no mínimo 5% dos trabalhadores têm de ser sindicalizados.
Em 2008, seis centrais receberam, juntas, R$ 62,968 milhões.
"É significativo esse aumento de meio milhão de trabalhadores no número de sindicalizados constatado pelo MTE.
Como a atividade econômica
estava aquecida, o trabalhador
teve renda para bancar sua filiação e contribuir pagando a
mensalidade a um sindicato",
diz Clemente Gaz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.
O que chamou a atenção do
especialista foi o crescimento
no número de sindicalizados à
CUT e do número de sindicatos
que se filiaram à Força Sindical.
A CUT, ligada ao PT, aumentou em 244 mil o seu número
de filiados e em 54 o número de
sindicatos associados. A Força
filiou 206 sindicatos entre abril
e dezembro de 2008 e 105,5 mil
pessoas. "O mais importante é
ter filiados. Não adianta ter
muitos sindicatos que representam poucos trabalhadores",
diz Dari Krein, pesquisador e
professor da Unicamp.
No levantamento do ministério, o número de sindicatos
independentes (sem filiação)
caiu no período avaliado. Passou de 4.170 para 3.675.
Para chegar ao número de
4,838 milhões de trabalhadores
sindicalizados, o Ministério do
Trabalho considerou as informações enviadas pelos sindicatos que se cadastraram no
CNAES (Cadastro Nacional de
Entidades Sindicais) por meio
de um sistema informatizado,
disponível no site do MTE
(www.mte.gov.br). Esses sindicatos representam cerca de
19,728 milhões de trabalhadores. Na etapa seguinte, os sindicatos enviaram documentação
comprovando as informações
declaradas para que o MTE pudesse auferir esses dados.
O número de sindicalizados
no Brasil (4,838 milhões segundo o MTE) equivale a 25%
do total de trabalhadores que
estão na base total dos 19,7 milhões de empregados representados pelas centrais sindicais,
mas não necessariamente filiados a um sindicato.
Se o número de sindicalizados constatado pelo MTE
(4,838 milhões) for comparado
ao total de trabalhadores com
carteira assinada no país
(38,578 milhões pela Pnad de
2007), esse percentual de sindicalização é menor: 12,54%.
Para Krein, da Unicamp, a
ampliação do número de sindicalizados no país é "positiva"
principalmente "no momento
de crise que estamos vivendo".
"São as centrais que apresentam mais condições de colocar
em debate na sociedade as
questões de interesse dos trabalhadores e de pressionar os
governos para adotar medidas
de enfrentamento da crise com
garantia do crescimento econômico e de implementação de
um conjunto de iniciativas que
possam solucionar os problemas sociais."
Luiz Antonio de Medeiros
Neto, secretário de Relações do
Trabalho, diz que a tendência é
que o número de sindicalizados
aumente. "Como as centrais foram reconhecidas e são ouvidas nas decisões do Ministério
do Trabalho, os sindicatos buscam se abrigar nas centrais para ter mais voz."
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