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"Terapia virtual" tenta atrair pacientes
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Aconselhamento pela internet,
ou, como passou a ser chamada,
"terapia virtual". Econômico e rápido, o atendimento de pessoas
que procuram ajuda psicológica
pela internet tornou-se uma forma de tentar trazer mais pacientes
da classe média para dentro dos
consultórios.
Em tempos de renda minguada
e pessoas insatisfeitas com a vida
pessoal e profissional, a proposta
do aconselhamento pela web tornou-se tentadora, admite o Conselho Federal de Psicologia, que
faz ressalvas a respeito.
Basta fazer as contas: uma consulta com um psicólogo -são 50
minutos- hoje em São Paulo pode custar de R$ 110 a R$ 130. Os
profissionais que cobram mais
caro na capital pedem até R$ 280.
Já o psicólogo que trabalha pela
internet recebe as dúvidas de interessados pelo seu e-mail -grande parte desses profissionais tem
página com o próprio nome na
web- e se compromete a respondê-las. Tudo de graça.
Tânia Theodoro, formada em
psicologia em 1978, especialista
em terapia floral, começou a
aconselhar pessoas há poucos
anos por meio de seu site. Não cobra nada, mas quem envia suas
perguntas para ela fica sabendo
que, por R$ 60, pode fazer uma
"terapia floral". A idéia é atrair
pessoas ao consultório, mas a tentativa não surtiu efeito.
"Faço só um esclarecimento,
uma orientação", esclarece Theodoro, que atende na zona sul de
São Paulo. "Poderíamos, com isso, despertar algum interesse e
mostrar mais nosso trabalho. Mas
a maioria que usa a internet só
quer resolver uma dúvida do momento e nem sequer pode, nos
tempos atuais, pagar o valor de
mercado por uma consulta", diz.
Segundo ela, algumas pessoas
que ela auxiliou pela web, dois
anos atrás, só agora estão procurando-a para algum tratamento a
médio prazo.
Como precisa cortar custos em
momentos de retração econômica, o gasto da classe média com o
psicólogo é atingido. "Passamos a
atender na clínica uma vez por semana apenas. Negociamos valores e damos "descontos". E, se o
paciente fica desempregado, é
possível aceitar até pagamento
simbólico", afirma Cristiane Nistal, 48, psicóloga há 15 anos.
"As pessoas estão pechinchando muito e não é possível migrar o
atendimento para outra classe.
Mesmo cobrando R$ 50 por consulta, um metalúrgico não pode
dispensar R$ 200 por mês para o
tratamento", diz Odair Furtado,
presidente do Conselho Federal
de Psicologia.
Ele afirma que a saída da orientação pela internet é questionável
e que o atendimento psicológico
-como aquele feito em clínica-
por meio da web é proibido.
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