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De cada 10 paulistanos, 8 adiarão compras até julho, diz pesquisa
DA REPORTAGEM LOCAL
Até o final de julho, pelo menos,
está tudo postergado. O carro zero, o DVD e a troca do celular pelo
aparelho recém-lançado estão fora da lista de itens apontados pelos mais endinheirados como objeto de compra a curto prazo.
Oito em cada dez paulistanos
com renda familiar superior a 20
salários mínimos (R$ 4.800) dizem que "não pretendem efetivamente comprar nada nos próximos dois meses", revela a pesquisa elaborada pelo Departamento
de Economia da Fecomércio-SP.
Nem mesmo em janeiro, após as
festas de final de ano -quando
essa taxa historicamente sobe-,
o resultado havia sido tão alto.
Tanto que em janeiro, período
pós-ressaca natalina, 66,2% dos
consumidores afirmavam que a
ida às lojas estava fora de seus planos. Uma taxa, portanto, inferior
à apurada agora (78,7%).
Tem mais: desde que o levantamento começou a ser feito -em
setembro de 2002- essa taxa de
"rejeição" da classe média às
compras não havia chegado a esse
nível. O período de análise é curto, mas a subida da taxa chama a
atenção, segundo o Departamento de Economia da entidade.
Hoje está fora da lista de compra dos consumidores de classe
média uma série de bens duráveis, segundo a própria seleção
feita pelos entrevistados nessa
pesquisa. Pela ordem, está descartada a compra ou a troca de televisor, de eletrodomésticos (geladeira, freezer) e a obtenção de um
novo automóvel.
Está claro que a intenção de
compra tem relação direta com o
índice de penetração dos produtos nas classes econômicas. Os
mais endinheirados já têm bens
duráveis em casa. Ainda assim, na
análise da federação, isso não explica o fato de a taxa de entrevistados da classe média alta (que não
pretende gastar nada) tenha disparado de 47,8% em abril para
mais de 78% agora.
"É puramente uma questão de
renda", diz Antonio Carlos Borges, diretor da Fecomércio-SP.
A classe média com menor poder de compra (cinco a dez salários mínimos, ou R$ 1.200 a R$
2.400) tem mais planos de gastos.
Um número bem menor (quase
30%) diz não querer, efetivamente, pôr a mão no bolso e ir às lojas.
Na análise de economistas, essa
categoria de consumidores "limpou" o nome em maio. E pode,
lentamente, voltar a comprar. Em
maio, foram cancelados 232,4 mil
registros de pessoas em situação
de inadimplência na capital paulista. É o maior número do ano.
"Após esse movimento, há a
possibilidade de que esse consumidor volte às compras, mas aos
poucos", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP, entidade que
representa o varejo em São Paulo.
Sonhos de consumo
No ranking dos principais desejos de compra dos mais abastados, no entanto, a seleção só cresce: vai de banheira de hidromassagem a um jardim.
É o que mostra uma pesquisa
realizada pelo Nomads (Núcleo
de Estudos sobre Habitação e Modos de Vida) da USP (Universidade de São Paulo) em 2001 com
1.090 pessoas de todo o país.
Cerca de 52% dos entrevistados
-a maioria jovem e com renda
familiar acima de R$ 3.600- gostariam que sua cozinha tivesse
vista para uma paisagem bonita.
Já 24% preferiam uma divisória
móvel integrando o espaço a um
jardim.
Em outro local da casa, o banheiro, 71,49% dos entrevistados
sonham com uma banheira;
56,38% desejam uma paisagem
bonita; e 39,15% querem um jardim interno. A divisória móvel já
citada é apontada por 24,89% dos
entrevistados como item de desejo para separar o banheiro do
quarto. (AM e MP)
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