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CRISE NO AR
Documento afirma que redução atingiria 22,58% dos funcionários; empresas negam que haja estudo definitivo
Fusão Varig/TAM pode cortar 5.343 vagas
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A fusão da Varig com a TAM,
que está em fase acelerada de elaboração, pode resultar na demissão de 5.343 dos 23.659 trabalhadores das duas companhias. O
corte, que seria um dos maiores já
realizados no Brasil, representaria
a eliminação de 22,58% da mão-de-obra utilizada hoje pelas duas
companhias, conforme cópia de
documento obtida pela Folha.
O documento tem circulado
nos altos escalões das administrações da Varig e da TAM. As 5.343
dispensas estão bem acima das
3.500 inicialmente previstas pela
Apvar (Associação dos Pilotos da
Varig), que obteve a cópia do documento repassado à Folha.
"O estudo das dispensas prevê
que todos os 13.250 trabalhadores
da Varig serão demitidos, para
depois 10.331 serem recontratados pela nova empresa que resultar na fusão. O objetivo disso é reduzir os salários", afirma Marcelo
Branco, presidente da Apvar.
Os salários da TAM são em média menores que os da Varig. Daí
o interesse, segundo Branco, de
recontratar funcionários da empresa com ordenados mais baixos. A TAM, por sua vez, transferiria diretamente 8.926 dos seus
10.400 trabalhadores para a nova
empresa.
O porta-voz para assuntos de
fusão da Varig e da TAM, Roberto
Müller Filho, não confirma nem
desmente as demissões previstas
no estudo obtido pela Folha. Segundo ele, "muitos exercícios sobre dispensas nas duas companhias já foram realizados e nenhum é definitivo".
Projeto definitivo
Segundo Müller, a Varig e a
TAM somente saberão mesmo
quantos trabalhadores dispensarão após contratarem uma empresa especializada em recursos
humanos. "O documento que dirá que o processo de fusão é irreversível terá uma cláusula onde as
duas empresas se comprometem
a contratar essa companhia."
A assinatura do documento de
irreversibilidade do processo de
fusão deve ocorrer nos próximos
dias. Com ele, a Varig receberá
imediatamente um empréstimo
de US$ 120 milhões do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a fim
de permitir que ela sobreviva até a
fusão, prevista para setembro.
"A cláusula sobre a contratação
da empresa de recursos humanos
deixará claro que terá de ser criado um PDV [programa de demissões voluntárias]", diz Müller.
Na sexta-feira passada, a Varig
anunciou um PDV para seus funcionários com mais de 52 anos
que queiram se aposentar antecipadamente. A empresa diz que o
objetivo é reduzir o número de
empregados por causa da redução da frota de aviões desde março, quando começou o compartilhamento de vôos com a TAM.
O PDV da Varig garante aos
funcionários que o aderirem o pagamento de dois salários brutos.
O trabalhador também receberá
70% de seu salário em notas promissórias até que complete 55
anos.
Esse PDV, no entanto, não tem
relação com o que deve ser apresentado pela Varig e TAM depois
do acordo definitivo para a fusão.
Para o vice-presidente da Apvar, Márcio Marsillac, o documento sobre as 5.343 demissões
chama ainda a atenção porque estão previstos gastos trabalhistas
de R$ 550,6 milhões nas dispensas
de todos os funcionários da Varig.
A "New Air", nome usado no documento para a nova empresa resultante da fusão, recontrataria
10.331 empregados.
"Os R$ 550,6 milhões previstos
para as dispensas gerais na Varig
são muito dinheiro. Com ele, seria
possível resolver os problemas da
empresa sem a fusão", afirma
Marsillac.
Além dos US$ 120 milhões que o
BNDES deve liberar para a Varig
nas próximas semanas, o banco
deve oferecer mais US$ 480 milhões para a nova empresa operar.
O dinheiro serviria de lastro, por
exemplo, para a compra de querosene da BR Distribuidora.
Marsillac afirma que obteve informações de que a nova companhia somente deve começar a ter
lucro em 2008.
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