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COMÉRCIO EXTERIOR
BC põe US$ 690 mi; BNDES, US$ 300 mi
Apenas US$ 1 bilhão do governo vira linha de crédito para exportadores
MARIANA MAINENTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos novos recursos em linhas
de crédito à exportação prometidos pelo governo no mês passado
chegou até o balcão das instituições financeiras, até o momento,
somente US$ 1 bilhão.
O BC vendeu US$ 690 milhões
para os exportadores por meio
dos bancos e o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) liberou até o
momento US$ 300 milhões dos
quase US$ 700 milhões (R$ 2 bilhões) que reservou do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Os empréstimos de bancos privados estrangeiros também vêm
aos poucos voltando a fluir para
os bancos brasileiros. O Banco do
Brasil anunciou nesta semana um
empréstimo de US$ 115 milhões.
O diretor de Câmbio e Agribusiness do Unibanco, Angelo Vasconcellos, disse que o banco conseguiu captar valor superior a esse
em bancos americanos e alemães.
"Os bancos estrangeiros estão
realmente voltando a emprestar
para o Brasil e os recursos estão
sendo suficientes para equilibrar
a demanda", afirmou.
Segundo ele, só com os recursos
dos leilões do BC, dos quais o
Unibanco abocanhou 15%, já foram fechadas 50 operações com
exportadores.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes, que
acaba de voltar de viagem à Europa, onde teve reuniões com investidores para tentar reabrir linhas
de linhas de crédito para o Brasil,
disse que nesses encontros não
houve sinalização de mais recursos no curto prazo, mas afirmou
que teve "ótimos encontros".
"É um processo longo, mas investidores e administradores de
recursos demonstram que a oferta de linhas está se estabilizando e
que eles vão ajudar", disse.
Segundo a Folha apurou, a demanda por linhas de crédito de
curto prazo (até 180 dias), como
as do BC, está de fato sendo atendida. Quem precisa de linhas de
até 12 meses também está conseguindo. Mas a falta de crédito persiste para os exportadores com
necessidades de financiamento
superiores a um ano.
Custo dos empréstimos
Segundo Parnes, o dinheiro do
BC está saindo ao custo médio da
variação cambial mais 4,58% para
as instituições financeiras. Como
elas estão cobrando taxa média de
2,9%, o custo para o exportador é
a variação cambial mais 7,6%.
Esse custo é semelhante às operações com os recursos do
BNDES que são atreladas à taxa
Libor (de Londres), que também
seguem a variação cambial. Já as
operações do BNDES fechadas
em reais, que seguem a TJLP, têm
taxas muito mais altas, de cerca de
14% ou 15% para o exportador.
Segundo o diretor do Unibanco,
Francisco Crema, até pouco tempo atrás os exportadores preferiam recorrer aos empréstimos
em reais para não correr o risco
da variação cambial, mas agora a
situação se inverteu.
"Mais de 80% das operações
que fechamos agora foram em
dólar. Acho que os exportadores
preferem correr o risco cambial e
pagar taxa mais baixa porque o
dólar já está muito alto e eles não
acreditam que vá subir muito
mais", analisa.
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