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AVIAÇÃO
Preços das passagens de executivos caíram 9,26% até junho, apesar da alta de 24% divulgada por companhias
Empresa aérea faz reajuste de "ficção" em guerra de tarifas
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As companhias aéreas efetuaram no primeiro semestre reajustes oficiais médios de 24% nos
preços dos bilhetes, segundo o
DAC (Departamento de Aviação
Civil). A Folha apurou, no entanto, que esses reajustes não ocorreram na prática. A briga por um
mercado concorrido fez que as
empresas adotassem uma política
extremamente agressiva de preços, até mesmo com redução de
valores praticados em 2001. Isso
explica a queda no faturamento
das empresas neste ano.
Levantamento da Favecc (entidade que representa agências especializadas em intermediar passagens para executivos) mostra
que os valores dos bilhetes para
viagens domésticas na realidade
baixaram em média 9,26% no primeiro semestre. Os preços caíram
da média de R$ 386,35 dos seis
primeiros meses de 2001 para
R$ 350,54.
No caso das passagens internacionais, a queda foi maior: 22,4 %.
Baixaram da média de R$
3.546,88 para R$ 2.751,39.
Ficção
Os dados da Favecc provam que
as remarcações de preços dos bilhetes das companhias aéreas
muitas vezes são mera ficção, ao
menos para os executivos que viajam frequentemente.
Empresas aéreas têm adotado,
por exemplo, políticas de redução
de preços para passagens adquiridas com maior antecedência. O
objetivo é tentar sobreviver em
um mercado superconcorrido,
que fatura cerca de R$ 9 bilhões
por ano.
Companhias como Varig, TAM,
Vasp e Gol, além de internacionais como a American Airlines e a
United Airlines, têm disputado os
passageiros com políticas agressivas de venda de bilhetes para executivos, por exemplo.
Quem paga o preço caro da tabela oficial das empresas é muitas
vezes quem sai de férias e compra
bilhetes na última hora.
"Essa disparidade entre valores
oficiais e os preços efetivamente
cobrados nas agências ocorreu
muito no primeiro semestre,
quando as companhias entraram
em uma guerra tarifária", afirma
o consultor Carlos Martinelli.
Segundo ele, esse tipo de política é nociva às empresas porque o
lucro sobre o assento vendido
passa para patamares muito baixos, que não pagam as despesas
das companhias. A Varig, por
exemplo, adotou em maio e junho uma política de desconto de
50% nos preços de todos seus bilhetes domésticos. No primeiro
semestre, teve um prejuízo recorde de R$ 1,041 bilhão.
Mercado
A Favecc representa 26 grandes
agências especializadas em atender executivos. Elas respondem
por 33% das vendas de passagens
no Brasil. O levantamento sobre a
queda dos preços não usou os dados da agência de viagens da
American Express.
Mauro Swartzman, vice-presidente da entidade, afirma que a
guerra de preços das companhias
aéreas foi extremamente nociva
para as agências. "Elas trabalharam mais, com ganhos menores
nas comissões devido à redução
dos preços", diz Swartzman.
O faturamento da venda de passagens aéreas das agências foi de
R$ 1,454 bilhão no primeiro semestre, 2,8% abaixo do R$ 1,496
bilhão do mesmo período de
2001. "Faturamos de janeiro a junho de 2002 apenas 80% do que
prevíamos."
Segundo um executivo de uma
empresa de aviação, não faz sentido as companhias aéreas trabalharem com preços baixos enquanto não resolverem problemas administrativos como a ociosidade dos aviões. Ainda mais
num país que tem empresas aéreas demais para pessoas com poder aquisitivo de menos.
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