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Globalização inexiste,
diz pesquisador inglês
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto muitos economistas
debatem os efeitos e consequências da globalização, Alan Rugman, da Universidade Indiana e
do Templeton College de Oxford
é taxativo: "globalização, da maneira como muitos a colocam,
não existe e nunca existiu".
Rugman diz que são poucos os
setores em que faz sentido falar
em globalização. Excluídas áreas
como a eletrônica, diz, não faz
sentido que as empresas adotem
estratégias mundiais. Não só não
faz sentido, diz o pesquisador, como elas realmente não o fazem.
Longe de serem globais, as empresas concentram seus negócios
em poucas regiões. A maior parte
do comércio e da produção das
grandes multinacionais, diz Rugman, concentra-se no que ela chama de tríade: Japão, Europa e
América do Norte.
Mesmo assim, poucas das 500
maiores empresas do mundo
atuam nas três regiões. A maioria,
afirma Rugman, concentra suas
atividades em uma ou duas delas.
"Os fatos falam por si: mais de
85% dos carros produzidos nos
EUA, são feitos por empresas norte-americanas. Mais de 90% dos
carros produzidos na União Européia são vendidos na região."
Os livros de negócios, diz Rugman, ensinam que a globalização,
de acordo com uma definição
simples e direta, leva à produção e
distribuição de produtos homogêneos em escala mundial. Ou seja, os mesmos produtos seriam
vendidos em Londres, Nova
York, Lima ou São Paulo. "Mas a
realidade é diferente da teoria."
Não existem produtos globais,
diz Rugman. "As multinacionais
tem que adaptá-los. Não existe,
por exemplo, um carro global. O
Camry, da Toyota, que está entre
os mais vendidos nos EUA, vende
muito pouco no Japão."
Para o pesquisador, existem limites estreitos para a padronização de produtos. "Cultura ainda
importa quando nós vamos escolher nosso carro ou o meio pelo
qual vamos lavar nossa roupas."
Não são só as dificuldades para
vender a mesma coisa no mundo
todo que torna as empresas menos globais. Segundo o economista, as empresas também têm tido
resultados frustrantes em seus investimentos internacionais.
Rugman elabora todos os anos
um índice de lucratividade das
operações internacionais das 500
maiores empresas do mundo. A
primeira constatação da pesquisa
foi justamente que poucas delas
atuam no mundo todo. A segunda: das que atuam, muitas não
têm sido bem sucedidas.
Algumas companhias têm operações muito lucrativas. Mas uma
parte significativa viu suas tentativas de ganhar com a globalização
ter resultados, no mínimo, muito
menos atraentes do que o esperado. O desempenho ruim, diz Rugman, já teria iniciado um período
de reavaliação, com as empresas
voltando a concentrar-se em suas
regiões de origem.
A tendência, diz o pesquisador,
é que cada vez mais as empresas
atuem e se instalem em "clusters"
-regiões onde um grupo grande
de companhias que estão no mesmo mercado atuam. É o caso, por
exemplo, do Vale do Silício, nos
EUA, onde concentra-se um
grande número de empresas de
tecnologia e internet.
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