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INTEGRAÇÃO
Com visões antagônicas sobre abertura, Williamson e Rodrik defendem redução de barreiras nos países ricos
Consenso contra pobreza pára na imigração
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os economistas Jeffrey Williamson e Dani Rodrik discordam em praticamente tudo quando o assunto é globalização, menos em uma coisa: ambos dizem
que o relaxamento das leis de imigração dos países ricos faria a integração econômica mundial diminuir a pobreza nos países subdesenvolvidos.
Ambos ensinam na mesma instituição, a Universidade Harvard,
nos Estados Unidos.
A receita parece simples: se os
trabalhadores dos países pobres
pudessem migrar e procurar emprego no mercado de trabalho
dos países mais ricos, poderiam
ter acesso a salários melhores. A
redução da oferta de trabalho, por
sua vez, faria os salários subirem
nas regiões mais pobres.
Mas as coincidências param por
aí. Williamson é um defensor do
processo de globalização e da
abertura comercial, que, diz, ajudariam países pobres a alcançar o
mesmo nível de desenvolvimento
dos seus parceiros mais ricos.
Rodrik está no campo oposto e
é um dos mais ferrenhos críticos
das políticas de abertura e de desregulamentação, que ficaram conhecidas como o receituário do
Consenso de Washington. Para
Rodrik, ficou menos pobre quem
ignorou parte da receita e adotou
políticas hoje condenadas por
instituições como o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e o
Banco Mundial.
Williamson recorre a 500 anos
de história para tentar provar suas
teses. Diferentemente de muitos
economistas, para os quais Cristóvão Colombo teria inaugurado
a era da globalização, ele afirma
que o mundo demorou três séculos para começar a se integrar.
"Os séculos que se seguiram aos
grandes descobrimentos foram
um período de antiglobalização",
afirma. "Era um mundo de monopólios concedidos pelos governos, grandes barreiras ao livre comércio, pirataria e altos custos de
transporte. O boom de comércio
mundial teria sido muito maior
sem essas intervenções."
A globalização começa, diz Williamson, a partir de 1820, quando
os preços das mercadorias transportadas ao redor do mundo começaram a convergir, os custos
de transporte cair e as políticas
mercantilistas foram desmontadas e quando começam as grandes ondas de imigração.
"Mas o mundo globalizado entrou completamente em colapso
durante as duas Guerras Mundiais. Barreiras à imigração foram
impostas, restringindo a capacidade da população pobre de fugir
da miséria e tentar encontrar algo
melhor. Barreiras que existem
ainda hoje, um século depois."
Uma nova onda de integração
começou em 1950, diz o economista. Mas a liberalização ajudou
os pobres? Ajudou alguns. Não
todos, porque, afirma Williamson, a maior parte da liberalização
do comércio ocorreu entre os países mais ricos.
Rodrik não vê os benefícios que
o colega afirma terem ocorrido.
Ao contrário, afirma, quem cresceu e se desenvolveu no período
pós-guerra foram os países que
ignoraram as políticas de abertura e desregulamentação.
O economista diz que não há receita única para o desenvolvimento. "Os europeus quiseram a integração e criaram um enorme sistema de proteção social. O Japão
alcançou o ocidente combinando
uma máquina exportadora dinâmica, com largas doses de ineficiência nos setores de serviços e
agrícola. Muitos dos países asiáticos fizeram um milagre econômico lançando mão de políticas que
há muito foram "banidas" pelas regras da OMC [Organização Mundial do Comércio]."
Os países deveriam copiá-los?
Não, diz acreditar Rodrik. A história de cada região torna difícil
seguir os mesmos caminhos e
adotar as mesmas instituições de
outras. "Não há a receita mais
correta. A Escandinávia era a queridinha de todos nos anos 70, o Japão nos anos 80 e os EUA eram os
reis indiscutíveis nos anos 90."
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