São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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Indústria e analistas descartam recessão

DA REPORTAGEM LOCAL

Dificilmente os percentuais menores de crescimento do segundo semestre se transformarão em recessão, pelo menos no curto prazo, dizem economistas e empresários.
Muitos setores importantes, principalmente aqueles que abrigam os chamados indicadores antecedentes (que mostram as tendências da economia), estão bastante aquecidos e nem sequer sentiram redução nos pedidos feitos por seus clientes.
"O segundo semestre é tradicionalmente melhor para os negócios", afirma Bernardo Gradin, presidente da petroquímica Braskem, que fornece matéria-prima para dezenas de áreas diferentes. "No contato mais direto com os clientes de diversos setores, a demanda está bastante aquecida, sem nenhum tipo de retração."
As siderúrgicas, que reviram sua previsão de crescimento em produção para baixo, também acreditam que não haverá encolhimento dos negócios. A produção menor em 2008 foi causada, segundo o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), por paradas estratégicas das indústrias e por manutenção em máquinas.
"Mesmo com a política monetária mais restritiva, não enxergamos nenhum encolhimento nos negócios no curto prazo", diz Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente-executivo do IBS.
O detalhe é que tanto o setor de petroquímica como o siderúrgico foram fortemente afetados pela alta nos preços das commodities, os insumos usados na produção e cotados a preços internacionais, e nem por isso sentiram retração nas vendas. "As pressões inflacionárias foram diluídas nas cadeias de produção", afirma Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "No fim das contas, o impacto será positivo para o consumidor, já que a inflação será menor."

Efeito ilha
Os economistas, no entanto, ressaltam o fato de que, com o aperto na recessão mundial, o país corre sério risco de ser afetado num período mais longo.
"O Brasil não é uma ilha", afirma Claudio Felisoni de Angelo, coordenador do Provar (Programa de Administração no Varejo), da USP. "Desperdiçamos os anos de forte crescimento da economia mundial com a política econômica restritiva e taxas altíssimas de juros e agora as condições favoráveis não são as mesmas."
Segundo ele, o país só conseguirá manter os patamares de crescimento dos anos mais recentes se conseguir calibrar a política monetária.
(CRISTIANE BARBIERI)



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