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Indústria e analistas descartam recessão
DA REPORTAGEM LOCAL
Dificilmente os percentuais
menores de crescimento do segundo semestre se transformarão em recessão, pelo menos no
curto prazo, dizem economistas e empresários.
Muitos setores importantes,
principalmente aqueles que
abrigam os chamados indicadores antecedentes (que mostram as tendências da economia), estão bastante aquecidos
e nem sequer sentiram redução
nos pedidos feitos por seus
clientes.
"O segundo semestre é tradicionalmente melhor para os
negócios", afirma Bernardo
Gradin, presidente da petroquímica Braskem, que fornece
matéria-prima para dezenas de
áreas diferentes. "No contato
mais direto com os clientes de
diversos setores, a demanda está bastante aquecida, sem nenhum tipo de retração."
As siderúrgicas, que reviram
sua previsão de crescimento
em produção para baixo, também acreditam que não haverá
encolhimento dos negócios. A
produção menor em 2008 foi
causada, segundo o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia),
por paradas estratégicas das indústrias e por manutenção em
máquinas.
"Mesmo com a política monetária mais restritiva, não enxergamos nenhum encolhimento nos negócios no curto
prazo", diz Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente-executivo do IBS.
O detalhe é que tanto o setor
de petroquímica como o siderúrgico foram fortemente afetados pela alta nos preços das
commodities, os insumos usados na produção e cotados a
preços internacionais, e nem
por isso sentiram retração nas
vendas. "As pressões inflacionárias foram diluídas nas cadeias de produção", afirma Júlio Sérgio Gomes de Almeida,
consultor do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "No fim das
contas, o impacto será positivo
para o consumidor, já que a inflação será menor."
Efeito ilha
Os economistas, no entanto,
ressaltam o fato de que, com o
aperto na recessão mundial, o
país corre sério risco de ser afetado num período mais longo.
"O Brasil não é uma ilha",
afirma Claudio Felisoni de Angelo, coordenador do Provar
(Programa de Administração
no Varejo), da USP. "Desperdiçamos os anos de forte crescimento da economia mundial
com a política econômica restritiva e taxas altíssimas de juros e agora as condições favoráveis não são as mesmas."
Segundo ele, o país só conseguirá manter os patamares de
crescimento dos anos mais recentes se conseguir calibrar a
política monetária.
(CRISTIANE BARBIERI)
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