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Para Gabrielli, criação de estatal do pré-sal não afeta Petrobras
Presidente da empresa diz que perda de valor de mercado não tem ligação com proposta do governo de criar companhia 100% estatal
Segundo executivo, redução de quase US$ 100 bi no valor das ações em 3 meses é reflexo do recuo da cotação internacional do petróleo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, afirmou
que a perda de valor de mercado da companhia não tem a ver
com a discussão sobre a mudança do marco regulatório para o pré-sal e a possível criação
de uma nova estatal para administrar a promissora província
petrolífera. Trata-se, segundo
ele, de um reflexo da queda da
cotação do petróleo, que também afeta outras petroleiras.
Após encostar nos US$ 150 o
barril, a cotação do petróleo cedeu com força no último mês e
já se aproxima dos US$ 110. "A
queda de valor de mercado da
Petrobras está associada ao
preço do petróleo. Caiu o da Esso. Caiu o da Shell, assim como
todas as empresas no mundo."
Desde 20 de maio, o valor de
mercado da Petrobras caiu US$
97,5 bilhões -de US$ 303,7 bilhões para US$ 206,1 bilhões,
segundo dados da Economática. Foi a maior retração entre
companhias de capital aberto
da América Latina e dos EUA.
Indagado se a idéia de criar
uma nova estatal fez as ações da
companhia recuarem, Gabrielli
respondeu: "Não acredito, porque até agora não houve definição nenhuma sobre o futuro, e
é o futuro que define o comportamento de muitos investidores. Outros investidores estão
olhando muito o curto prazo.
Também tem muita especulação no curto prazo nas ações."
Receio
Analistas afirmam, porém,
que a possível criação da nova
estatal 100% da União, em análise no governo, empurra os papéis para baixo, ao lado da queda do petróleo e da saída de investidores estrangeiros da Bolsa brasileira. Um dos principais
receios é o de que os atuais
campos da Petrobras no pré-sal
migrem para a nova empresa
-o que até agora vinha sendo
descartado pelo governo.
Questionado se existe de fato
essa possibilidade, porém, Gabrielli afirmou: "Eu não vou
discutir a questão. Esse é um
tema da discussão da comissão
interministerial. E eu estou
discutindo essas posições na
comissão e não vou discutir pela imprensa".
Afirmou, no entanto, que a
companhia já traça planos para
a exploração das áreas já licitadas do pré-sal e que a Petrobras, junto com suas parceiras,
conseguirão suportar os pesados investimentos necessários
para desenvolver a produção de
óleo e gás nessas áreas. Em outubro, será divulgado o novo
plano estratégico já com investimentos no pré-sal.
"No entorno de Tupi e nas
áreas em que temos concessões, temos condições, sim [de
suportar os investimentos].
Agora, para toda a área do pré-sal provavelmente será necessário um novo marco regulatório, uma nova situação e novos
investidores."
Para as novas áreas sem licitação, diz, o modelo de investimento "vai depender do que será definido" pela comissão interministerial que estuda mudanças na regulação do pré-sal.
Defesa
Presente ao lançamento do
programa institucional "Petrobras Ambiental", o ministro
Carlos Minc (Meio Ambiente)
saiu em defesa da companhia e
criticou a proposta de criação
de uma nova estatal.
"A Petrobras tem de ser fortalecida, e não enfraquecida.
Qualquer medida para diminuir o escopo da Petrobras tem
de ser repensada. Tem de haver
cautela", afirmou o ministro.
Minc anunciou ontem que o
Ibama abrirá um escritório de
licenciamento ambiental na
área de petróleo e gás em Sergipe com o objetivo de agilizar licenças nas regiões Norte e Nordeste. Atualmente, todo o trabalho é feito no Rio de Janeiro.
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