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ANÁLISE
China alimenta ganho das mineradoras
DEBORAH HARGREAVES
DO "FINANCIAL TIMES"
A china é a nova pontocom.
Como em 2000, quando bastava mencionar um novo empreendimento na internet para
que houvesse uma alta imediata
nas ações, qualquer referência a
negócios com a China parece ter o
mesmo efeito, agora. Observem o
clima de faroeste que varre as empresas mineradoras britânicas.
O entusiasmo dos investidores
pelas empresas de recursos naturais fez com que as ações do setor
de mineração superassem a recuperação do mercado. A Antofagasta, uma mineradora de cobre
chilena cotada na Bolsa de Londres teve alta de 60% de junho para cá. UK Coal, Xstrata, BHP Billiton e Lonmin, todas se beneficiaram da corrida às empresas que
controlam recursos naturais e do
boom nos preços das commodities, com alta de mais de 40% nos
preços de suas ações.
A euforia lembra a bolha do setor de tecnologia, há três anos.
Muitos dos empresários envolvidos no boom da internet estão
agora à procura de novos empreendimentos minerais.
Jim Slater, proeminente investidor britânico, recentemente colocou na Bolsa de Londres as ações
da Galahad Gold. Brian Gilbertson, ex-presidente da BHP Billiton, agora comanda a Vedanta
Resources, um grupo de comércio de metais sediado na Índia.
O aumento nos preços das commodities este ano foi dramático.
Os metais básicos e preciosos subiram aos seus pontos mais altos
em muitos anos, dada a recuperação na produção industrial mundial e o aumento na demanda chinesa. Mas até que ponto isso reflete um aumento real do consumo
ou uma subida especulativa de
preços é assunto para debate.
Os fundos de hedge e os especuladores começaram a investir em
commodities nos últimos meses,
e isso ampliou alguns dos movimentos de preços. Os mercados
de commodities são pequenos,
em comparação com os que operam instrumentos financeiros, e
movimentos de fundos na direção deles podem ter efeito desproporcional sobre os preços.
O cobre, que atingiu seu ponto
mais elevado em seis anos, vem
sendo estimulado por atividades
especulativas. Muitas mineradoras dizem que o aumento acentuado nos preços do metal não se
reflete em encomendas mais fortes para o cobre. De fato, a estatal
chilena Codelco reteve 200 mil toneladas de suprimentos para liberar no mercado quando os estoques mundiais caírem abaixo das
800 mil toneladas, o que deve impor um limite ao aumento de preços nesse segmento.
Martin Squires, analista de
commodities no JP Morgan,
aponta para o níquel, que chegou
à sua cotação mais alta em 14
anos, como um mercado em que
não deve surgir oferta suficiente
em tempo para atender à elevação
da demanda. São necessários
anos para colocar uma nova mina
ou usina em funcionamento. O
problema para as mineradoras é
que, frequentemente, quando a
nova capacidade enfim chega ao
mercado, a demanda já esfriou.
O consumo chinês vem sendo
um fator favorável para as ações
das empresas de recursos naturais. Mas é pouco provável que ele
continue a crescer ao atual ritmo
alucinante sem que isso cause superaquecimento da economia.
Tradução de Paulo Migliacci
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