|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTRAMÃO
Mesmo com queda no consumo, os dois setores repassaram custos e mantiveram lucros, atingindo bons resultados
Em guerra, indústria e loja mantêm margem
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi uma disputa entre os grandes. O comércio passou o ano travando uma batalha com a indústria para manter a margem de lucro. Fabricantes fizeram o mesmo. Chegou a faltar produto em
algumas prateleiras. Agora, um
balanço dos resultados no semestre mostra que os dois lados mantiveram, e até elevaram, margem e
rentabilidade.
Para isso, algumas empresas repassaram parte dos aumentos nos
custos ao mercado. Quem pagou
a conta foi o consumidor.
A rentabilidade do comércio ficou, em média, em 4,2% de janeiro a junho de 2003. No mesmo período de 2002 estava negativa em
8,6%, informa levantamento da
consultoria ABM Consulting feito
para a Folha.
Entre as empresas analisadas,
estão apenas as de primeiro linha:
Pão de Açúcar, Ponto Frio, Lojas
Riachuelo e Lojas Americanas. O
resultado indica uma melhora,
mas isso não quer dizer que todas
estavam com baixa rentabilidade
em 2002, pois a taxa é retrato de
uma média do setor.
A margem bruta média (porcentagem do lucro em relação ao
faturamento) do comércio deu
uma ligeira subida, passando de
38,1% para 38,7%.
Do outro lado da mesa, a indústria de alimentos e bebidas também fechou o semestre ainda
mais rentável. Com empresas como AmBev -dona da Antarctica
e da Brahma-, Perdigão e Sadia
na lista, o setor apresentou aumento de rentabilidade de mais
de três pontos -de 2% para 5,4%
no primeiro semestre de 2002 e
2003, respectivamente.
"Houve um momento em que
as companhias cansaram de perder dinheiro. E adotaram a política de manter as margens, ainda
que para isso fosse necessário aumentar preço e perder mercado",
diz Alberto Borges Matias, sócio-diretor da ABM Consulting.
"Carregamos durante o ano aumento nos custos por conta de
acúmulo nos estoques e pressão
no valor das matérias-primas",
diz Júlio Cardoso, presidente da
Seara. "Não é possível absorver
tudo e parte disso precisa ser repassada", diz ele.
Nada muito diferente daquilo
relatado pelo varejo. Na ponta, o
consumidor verificou um aumento nos preços de mercadorias
nos primeiros quatro meses do
ano. As remarcações -na venda
do varejo ao cliente- perderam
fôlego só a partir de maio.
Economistas lembram que a
questão do desempenho positivo
não se resume apenas a preço.
Além das remarcações para repassar aumento nos custos, as
empresas promoveram cortes nas
despesas gerais e redução no custo do produto que é fabricado.
No caso das indústrias, exportações maiores pressionaram de
forma positiva os indicadores
também.
Além desses setores, outros
apresentaram resultados no semestre. Empresas da área eletrônica passaram de uma taxa média
de rentabilidade de 6,2% de janeiro a junho de 2002 para um índice
negativo de 4,3% em 2003.
Nesse segmento houve queda
brutal no consumo -superior à
verificada nas áreas de alimentos
e bebidas.
Sem mercado consumidor, fica
mais difícil repassar aumento de
preços ao mercado. Assim como
recuperar margens perdidas.
O mesmo ocorreu na área têxtil.
O produto, classificado como supérfluo, foi riscado da lista de
compras. Sem demanda, as empresas não puderam repassar o
aumento de custos que tiveram
no ano.
Houve queda na rentabilidade:
a taxa média passou de -38,2% de
janeiro a junho de 2002 para
-600% em 2003.
Empresas de mineração estão
entre as mais rentáveis do país.
Entre elas está a Companhia Vale
do Rio Doce, que fechou o semestre com margem bruta em 42,7%
-em 2002 estava em 42,4%.
Mercado responde
Após a divulgação dos resultados registrados no primeiro semestre, ações de várias empresas
de capital aberto responderam
com expressivas altas na Bolsa de
Valores de São Paulo.
No setor alimentício, as ações
da Sadia e da Perdigão brilharam.
As ações preferenciais da Sadia
dispararam 10,5% na semana passada. Os papéis preferenciais da
Perdigão subiram 8,8%.
O setor que melhor refletiu os
resultados dos balanços na última
semana na Bovespa foi o de energia elétrica.
O destaque no setor ficou com
as ações preferenciais da Transmissão Paulista, que conseguiram
a expressiva valorização de 16,7%.
Os papéis PN da Cesp também
acumularam fortes ganhos, de
10,1%, no período.
(ADRIANA MATTOS E FABRICIO VIEIRA)
Texto Anterior: Contramão: Companhias lucram mais, apesar do aperto Próximo Texto: Frases Índice
|