São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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MERCADO ABERTO

Seguro de exportação tem nova regra

Empresários brasileiros estão preocupados com a possibilidade de o seguro de crédito à exportação, o SCE, passar a ser operado por seguradoras estrangeiras. Nos últimos seis anos, esse seguro foi operado exclusivamente pela SBCE (Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação), um consórcio que conta com a participação das maiores seguradoras do país, mais o Banco do Brasil e o BNDES.
A primazia da SBCE pode acabar neste ano. O Diário Oficial da União publicou ontem edital de licitação do seguro de crédito à exportação. O edital abre a possibilidade de outras seguradoras controladas pelo capital estrangeiro e instaladas no país, como a Hermes e a Secreb, começarem a operar o seguro de crédito à exportação. O seguro cobre principalmente as exportações de produtos com alto valor agregado.
O edital de licitação divulgado ontem foi interpretado em Brasília como mais um lance na queda-de-braço travada entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil). Os dois estavam discutindo um acordo para que essa decisão de abrir o seguro para licitação fosse adiada para meados do ano que vem, mas parece que não houve uma conclusão. A Fazenda se antecipou e soltou ontem o edital.
Assustado com a possibilidade do fim da SBCE, o empresário Roberto Giannetti da Fonseca, diretor da Fiesp, afirma que, na semana que vem, durante a Enaex (evento que reunirá exportadores), a Fiesp, a AEB e a Funcex vão fazer uma manifestação contra a decisão do governo de promover uma licitação do seguro de crédito à exportação. "O nosso medo é o seguro, um instrumento tão importante para a exportação, passar a ficar dependente dos humores do mercado internacional", afirma.
A Fazenda alega, por sua vez, que a decisão de promover a licitação foi tomada pelo fato de haver mais de uma empresa operando no mesmo mercado. Trata-se, segundo a Fazenda, de uma exigência da lei de licitações. O assunto, no entanto, é polêmico e pode ter novos desdobramentos.

RELAÇÕES ESTREITAS
Com a intenção de estreitar ainda mais as relações comerciais entre Brasil e Reino Unido, o presidente da Rolls Royce para a América Latina, Francisco Itzaina, assumiu recentemente a presidência da Britcham (Câmara Britânica de Comércio). "A missão é eliminar todas as barreiras que impeçam as relações entre os países." Além da burocracia fiscal, Itzaina, um uruguaio há 30 anos no Brasil, cita a nova lei do gás, que regulamenta o setor, como uma das maiores preocupações das empresas britânicas no país. Para ele, o ritmo menor de crescimento do país também prejudica. "As companhias estrangeiras olham os números do Brasil, comparam e vêem que podem ganhar mais em outros países." A Britcham tem cerca de 300 empresas associadas de várias nacionalidades com negócios entre os dois países.

ÍNDICE CUSTOMIZADO
O índice DNA Brasil, uma parceria do instituto de mesmo nome com a Unesco e a Escola Família (governo de SP), começa a ser customizado por escolas, comunidades e cidades. Um projeto-piloto acaba de ser implantado em Itapevi, em SP. Em 2005, o índice nacional ficou em 49,3%, ante os 100% de um país socialmente justo e com qualidade de vida de Primeiro Mundo.

REGULAMENTAÇÃO
Cerca de 30 empresas de tratamento de resíduos industriais aderiram ao programa de conformidade da Abetre (entidade do setor), que pretende regulamentar a cadeia produtiva.

LÍDERES EM CAMPO
Alguns dos principais executivos e empresários do país disputam jogo beneficente no sábado, na Vila Belmiro, em Santos, com ex-atletas como Serginho Chulapa e Edu. O objetivo do evento é chegar a 100 t de alimentos para doação a famílias carentes.

MENOR CUSTO
O BankBoston acaba de lançar no Brasil um produto que dispensa as empresas clientes da necessidade de ficarem conectadas ao "office banking" para receberem informações bancárias on-line, em seus servidores.

SAÚDE CLASSE A
Operadora de saúde especializada em atender clientes de alto poder aquisitivo, a Omint prevê um crescimento de 20% da receita neste ano. Segundo André Coutinho, diretor da empresa de origem argentina, esse mercado, porém, não tem crescido nos últimos anos. "A mudança de classe social depende da economia, e, ultimamente, o crescimento não tem sido grande a ponto de elevar as pessoas para a classe A." Mesmo assim, a empresa dobrou de tamanho nos últimos quatros anos. Ele explica que a expansão se deve mais à conquista de clientes da concorrência do que ao aumento do mercado. O diretor diz que, para conquistar clientes mais abastados, é preciso oferecer um serviço individualizado.

DESAQUECIMENTO
A Febraban também já detecta um arrefecimento do crescimento do PIB para 2005. A previsão de 51 dos maiores bancos do país caiu de 3,34% em outubro para 3,23% neste mês. A queda foi geral: na agricultura, de 3,01% para 2,89%; na indústria, de 4,28% para 4,17%, e, em serviços, de 2,57% para 2,54%. Segundo Roberto Troster, economista-chefe da entidade, a alta do crédito deve fechar 2005 e 2006 com taxas semelhantes: 18,02% neste ano e 17,23% em 2006. Já o investimento direto de empresas no país deve encerrar o ano em US$ 15,83 bilhões.


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