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PÉ NO FREIO
Pesquisa do Ciesp com 712 empresas de SP mostra queda nas encomendas dos lojistas e temor com entrada dos importados
Indústria prevê venda menor neste Natal
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A desaceleração da economia
brasileira no terceiro trimestre,
como constatou o IBGE, e taxa de
câmbio mais favorável à importação vão levar a indústria paulista a
ter um Natal mais fraco neste ano.
Levantamento do Ciesp (Centro
das Indústrias do Estado de São
Paulo) com 712 empresas mostra
que as encomendas das lojas para
o final do ano estão menores do
que as do ano passado. Como
conseqüência, os estoques estão
mais elevados e a contratação de
empregados temporários será
menor neste último trimestre.
Para 41% das empresas consultadas, os pedidos para o Natal estão menores. Para 34%, estão
iguais, e, para 25%, mais elevados.
"Isso reflete o desempenho da
economia brasileira. Indicadores
[de emprego e PIB] são positivos,
mas cada mês que passa o crescimento é menor sobre 2004", diz
Claudio Vaz, presidente do Ciesp.
O levantamento também mostra que o comércio atrasou as
compras para o Natal. Para 50%
das empresas consultadas, as lojas
postergaram os pedidos. Para
47%, este ano é parecida com o de
2004 e, para 3%, houve antecipação de encomendas.
"O Natal pode não ser tão bom
para a indústria, mas não quer dizer que não será bom para o comércio. Os lojistas estão demandando mais produtos estrangeiros porque o câmbio favorece a
importação", diz Julio Gomes de
Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
De janeiro a outubro, a importação de bens não-duráveis -como alimentos, bebidas, produtos
farmacêuticos, roupas e sapatos- subiu 24,1% na comparação
com igual período de 2004. Só em
outubro, a alta foi de 34,1%.
A importação de bens duráveis,
como veículos e eletrodomésticos, subiu 20,3% e 42,9%, respectivamente, no período. "É reflexo
da taxa de câmbio", afirma José
Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A indústria de roupas, calçados
e brinquedos, segundo Vaz, é a
que mais sente neste final de ano a
concorrência com os importados
e a desaceleração econômica. São
esses setores, segundo Vaz, que
estão com os estoques mais altos
do que o desejado neste trimestre.
A indústria de brinquedos informa que as encomendas das lojas foram feitas com um mês de
atraso -em vez de os pedidos
chegarem em agosto, como normalmente ocorrem, foram feitos
em setembro. As vendas só aconteceram mesmo neste mês.
"Isso é reflexo da insegurança
dos lojistas. Como o consumidor
está endividado, os comerciantes
têm medo. Existe também a opção dos importados", diz Synésio
Batista da Costa, presidente da
Abrinq (Associação Brasileira dos
Fabricantes de Brinquedos).
De janeiro a agosto, as vendas
do setor caíram 35% sobre igual
período de 2004. "Houve uma pequena recuperação na semana do
Dia das Crianças, com alta de 5%
nas vendas. Para o Natal, esperamos vender 8% a mais do que no
ano passado. Mas, ainda assim, o
setor não vai crescer sobre 2004."
Apesar de a indústria ter feito 800
lançamentos em outubro -e deve fazer mais 300 para o Natal - o
setor não conseguirá se recuperar.
"Estamos em pânico. A dobradinha juros em alta e câmbio em
baixa fez com que as importações
crescessem demais. No Brasil, o
dólar está facilitando a vida do
importador e atrapalhando a do
exportador." Em 2004, as importações respondiam por 30% do
mercado. Neste ano, a 50%.
O impacto foi tanto que os empresários devem apresentar ao
governo na próxima semana um
plano de "salvaguardas" para o
setor. "É preciso haver um corte
de 70% no volume de produtos
importados." Neste ano, as 318
empresas do país previam contratar cerca de 5.000 temporários.
"Não haverá contratação extra."
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