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SUPERCRÉDITO DE PLÁSTICO
No 1º semestre de 2003, média de consumo de 161 mil pessoas com gastos analisados foi de R$ 19 mil
Investigados gastaram R$ 3 bi com cartões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-adjunto da Receita
Federal Paulo Ricardo Cardoso
informou que, juntos, os 161.306
contribuintes que tiveram faturas
de cartão analisadas gastaram R$
3,074 bilhões no primeiro semestre de 2003. A média de gastos,
portanto, foi de R$ 19.058, um valor considerado "alto".
As pessoas que tiveram seus pagamentos com cartões checados
gastaram R$ 5.000 ou mais num
único mês ou em vários meses do
primeiro semestre de 2003.
Pela legislação, são considerados os gastos por cartão de um
mesmo titular. E valem apenas os
pagamentos. Ou seja: se a fatura
foi de R$ 30 mil, mas o consumidor pagou só R$ 2.000, só esse valor é repassado à Receita.
"É claro que vamos encontrar a
situação do pai que paga o cartão
de crédito do filho ou da pessoa
que retira dinheiro da empresa
para fazer pagamentos. Mas também devemos encontrar muitos
"laranjas" [pessoas que atuam a
mando de outras]", disse.
CPF antigo
Entre os contribuintes que serão
chamados, 64 tem CPFs (Cadastro de Pessoa Física) válidos, mas
os números não constam da base
de dados da Receita. "Podem estar usando CPFs muito antigos ou
de pessoas que já morreram", disse Ricardo Cardoso.
O coordenador de Fiscalização,
Marcelo Fisch, comentou que pelo menos 508 contribuintes que
serão chamados pela Receita já tiveram seus CPFs cancelados por
omissão no envio de suas declarações. "Outros 538 estão muito
próximos do cancelamento."
Os contribuintes que forem autuados pela Receita pagarão multas que variam de 75% a 150%
(em caso de crime contra a ordem
tributária) do valor devido. "Mas
o contribuinte sempre pode retificar a sua declaração de renda.
Nesse caso, a multa cai para 20%",
lembrou Fisch.
Além de cruzar os dados das
pessoas que gastaram com cartões, a Receita está analisando o
comportamento de quem recebeu os valores. As administradoras enviaram à Receita informações sobre os pagamentos a 85 mil
estabelecimentos comerciais.
Os auditores já constataram que
muitas lojas declaram ao fisco um
faturamento inferior às quantias
que receberam por meio de cartões de crédito. Estão sob investigação empresas que receberam
R$ 10 mil ou mais em cada mês ou
num único mês de 2003.
O fato de a Receita ir atrás dos
sonegadores, porém, não quer dizer que eles serão realmente pegos. Do estoque de R$ 281,5 bilhões em débitos que estavam
sendo cobrados pela Receita até
fevereiro deste ano, R$ 174,1 bilhões estão suspensos por decisões judiciais provisórias.
Os processos demoram anos
para ser julgados definitivamente.
Quando a pessoa não paga
-mesmo perdendo a causa-, a
cobrança vai para a Procuradoria
Geral da Fazenda Nacional, que
tem um outro estoque de R$ 211,4
bilhões para cobrar.
(SM)
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