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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Empresários temem que juro alto inviabilize política industrial
Em reunião ontem do Fórum
Nacional da Indústria, em São
Paulo, os empresários manifestaram o receio de que a atual
política do governo de combate
à inflação inviabilize a nova política industrial, lançada há
pouco mais de um mês e que foi
batizada de PDP (Política de
Desenvolvimento Produtivo).
A nova política industrial
previa uma série de desonerações tributárias e traçava quatro macrometas a serem alcançadas até 2010: acelerar o investimento fixo; estimular a
inovação; ampliar a inserção
internacional do Brasil; e aumentar o número de micro e
pequenas empresas exportadoras. A renúncia fiscal prevista
era de R$ 21,4 bilhões até 2011.
O problema, segundo os empresários reunidos ontem em
São Paulo, é que, na época em
que foi lançada a política industrial, no dia 12 de maio, o governo e os empresários certamente ainda não tinham consciência do risco de alta da inflação,
apesar de o Banco Central já ter
feito uma série de alertas e de
também já ter aumentado em
0,5 ponto a taxa básica de juros,
em 16 de abril.
Ontem, os empresários se deram conta da inconsistência
entre as duas políticas.
"A política industrial vai numa mão, e a política monetária,
numa outra", diz Humberto
Barbato, presidente da Abinee
(indústria elétrica e eletrônica). "Como a política industrial
vai conseguir os efeitos necessários com esses juros?"
A percepção geral dos empresários é a de que a elevação
dos juros vai simplesmente limitar ou inviabilizar o plano de
desenvolvimento industrial
anunciado pelo governo, principalmente em razão da forte
valorização do real. O aperto da
política monetária tende cada
vez mais a aumentar a apreciação do câmbio e anular os efeitos da política industrial.
"A atual política monetária
não é compatível com os objetivos da política industrial", diz
Paulo Godoy, presidente da Abdib (indústria de base).
"Dificilmente haverá interesse do empresário em investir", diz Humberto Barbato.
Uma das sugestões apresentadas pelos empresários foi a de
encaminhar ao governo uma
proposta de passar a coordenação da nova política industrial
para um único ministro, como
ocorre no caso do PAC, cuja gerência está concentrada na ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
A proposta de concentrar a
política industrial em um "gerentão" partiu do empresário
Jorge Gerdau, que considera o
atual plano muito disperso em
diversos ministérios e gabinetes do governo, o que inviabiliza a sua condução. Se a incompatibilidade entre as políticas
monetária e industrial já é um
grande problema, Gerdau acha
que a falta de coordenação só
atrapalha ainda mais as chances de a PDP ir para a frente.
NOVOS PLANOS
Ricardo K., presidente da Brasil Telecom, continuará à
frente da tele até a conclusão da compra da BrT pela Oi.
Ele tinha cogitado deixar a companhia para voltar para a
Angra Partners no meio do ano, mas os acionistas da BrT
pediram para ele ficar no cargo pelo menos até dezembro.
EMBALO
Aprovada pelo Conselho Nacional de Trânsito no início do
mês, a obrigatoriedade da cadeirinha em carros de passeio
para transportar crianças de até sete anos e meio deve movimentar o mercado de produtos infantis. Karine Gontijo, sócia da BBtrends, loja de produtos para bebês, já teve alta na
venda dos itens, mas diz que ainda não é efeito da medida.
"A fiscalização só começa em 2010, não deu tempo." Segundo pesquisa do site de comparação de preços Buscapé, em abril, maio e junho, a categoria de cadeira para bebê teve alta de 108% nos acessos ante o mesmo período de 2007. O
valor mais baixo encontrado foi de R$ 70,89, e o mais alto,
de R$ 999. A infração prevê multa de R$ 191,54.
Avanço global pode parar com aperto monetário
Com a ameaça dos BCs dos
EUA e da Europa de aumentarem os juros, o crescimento da economia global pode
ser afetado neste ano.
Francisco Pessoa Faria,
economista da consultoria
LCA, diz que, apesar de os representantes dos BCs dos
países desenvolvidos negarem os rumores de que o
aperto monetário virá mais
cedo e mais forte do que se
espera, o preço do petróleo e
das commodities agrícolas
pode obrigar as autoridades
monetárias a elevar os juros.
Mesmo com as pressões
inflacionárias, entretanto, a
LCA afirma que o BC europeu e o Federal Reserve (o
BC dos EUA) vão se esforçar
para não subir logo os juros.
A razão é que a confiança
na economia está menor e,
como retração do crédito, o
aperto poderia piorar a crise.
Segundo a consultoria, os
BCs dos países desenvolvidos só vão elevar juros em
2009, "quando estará afastado o risco de crise no mercado financeiro, com o fortalecimento dos bancos, e vai haver mais espaço para aumentar juros", diz o economista.
VESPERTINO
José Sergio Gabrielli, Petrobras, jantou segunda, em
São Paulo, com empresários
do Iedi. Estava acompanhado de Luciano Coutinho
(BNDES) e do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Gabrielli disse que trabalha
com um cenário de preço alto do petróleo para os próximos cinco anos, o que viabiliza os investimentos na camada pré-sal da bacia de
Santos. Gabrielli disse que
um dos grandes problemas
será o transporte de pessoal
para as plataformas, que vão
ficar a 300 metros da costa.
A estatal pensa em construir
uma cidade flutuante ou plataformas automatizadas. Os
empresários gostaram da
apresentação, mas estranharam o horário do jantar:
18h.
MATUTINO
Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, e
Regina Nunes, da Standard
& Poor's, participam hoje de
um café da manhã a convite
do Demarest e Almeida Advogados. À mesa, o grau de
investimento. Clientes e representantes de bancos de
investimento e de fundos de
private equity também participam.
DANÇA DA CADEIRA
A Unipar, que anunciou
parceria com a Petrobras
para formar a Quattor, tem
nova diretoria. Arthur Cesar
Whitaker de Carvalho foi indicado para a presidência do
grupo, e José Octávio Via-
nello de Mello assumiu a vice-presidência e a área de
relações com investidores.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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