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Inflação anula ganhos de poupança e fundos em maio
Para especialistas, investidor deve ficar atento a tributos e a taxas dos fundos
Investidor pode aplicar em títulos indexados a índices como o IPCA ou comprar cota de fundos que tenham esses papéis em sua carteira
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A recente disparada da inflação já anulou o rendimento da
caderneta de poupança no ano
e ameaça deixar negativa também a rentabilidade de outras
aplicações financeiras que
acompanham as taxas de juros,
como os fundos de renda fixa e
até mesmo os DI. Isso porque,
até o momento, há um descompasso entre os efeitos da política de juros altos e os índices de
preços. Em outras palavras, a
inflação subiu muito e rápido,
enquanto os juros sobem em
ritmo mais lento.
Levantamento da consultoria Economática mostra que a
poupança rendeu apenas
0,574% em maio, enquanto o
IPCA saltou 0,79%. Foi a quarta maior perda do poder de
compra da poupança desde o
início do governo Lula, abaixo
apenas dos três primeiros meses de 2003. No ano, o retorno
de 2,869% da poupança foi insuficiente para cobrir perdas de
2,882% com a inflação.
Fundos no vermelho
A inflação no mês passado foi
tão alta que mesmo os investidores dos fundos DI, de renda
fixa e dos CDBs tiveram rendimento líquido negativo, dependendo do Imposto de Renda.
No caso dos fundos DI, o retorno bruto médio foi de
0,88%. Descontando-se um IR
de 22,5% -alíquota para resgate em menos de seis meses- o
rendimento cai para 0,682%.
A perda aconteceu também
no caso de incidência da menor
alíquota, de 15% (resgate acima
de dois anos), em que o ganho
ficou em 0,748%.
Os fundos de renda fixa, que
investem em títulos prefixados,
tiveram retorno bruto de 1,01%
em maio -líquido, teriam ganho entre 0,783% e 0,858%, dependendo do IR. Já para os
CDBs, o retorno líquido variou
entre 0,736% e 0,807%.
"Em termos gerais, todas as
aplicações indexadas a taxas de
juros -CDBs, poupança, fundos DI, renda fixa- estão sofrendo. É importante não olhar
apenas um mês, mas todo um
período. A expectativa é que o
rendimento dessas aplicações,
além da inflação, fique apertado e até negativo. A inflação subiu muito rapidamente e os juros, não. Fica cada vez mais importante olhar taxas de administração e tributos", disse Fábio Colombo, administrador de
investimentos pessoais.
"Estamos de volta a um período de juro real negativo. O
investidor deve pensar se essa
situação veio para ficar ou se
vai passar em algum momento.
Se acha que vai perdurar, deve
buscar um investimento que
cubra as perdas com a inflação,
como títulos públicos indexados ao IPCA ou fundos que
apliquem nesses títulos", disse
Marcia Dessen, consultora de
investimentos pessoais.
Indexada ao IPCA, a NTN-B
(Nota do Tesouro Nacional, série B) vendida pelo Tesouro Direto confere um retorno suficiente para cobrir a inflação
oficial e mais uma pequena taxa
de juros. Mais uma vez, os consultores advertem para as taxas
de custódia, que podem ficar
iguais ou até maiores do que as
de administração dos fundos.
Por outro lado, os analistas
acreditam que os índices de
preços tendem a se desacelerar,
enquanto o retorno dos fundos
de investimento, dos CDBs e
até mesmo da poupança deve
subir mais, acompanhando as
novas elevações da taxa Selic.
"A política monetária tende a
corrigir esse desvio. Em épocas
de inflação, qual é a forma mais
simples de se proteger? Aplicar
em fundos DI, que sobem com
os juros [do BC]. Onde o investidor não pode estar agora é no
prefixado [fundos de renda fixa], que têm taxas do passado",
disse Dessen.
A poupança é corrigida por
0,5% mais a TR, taxa calculada
com base na média dos CDBs
dos maiores bancos. Prevendo
que a TR pudesse ficar negativa
com a redução gradual dos juros, o Banco Central fixou em
fevereiro um rendimento mínimo de 0,5% ao mês para a poupança. A medida foi um ajuste à
mudança, no ano passado, do
chamado redutor da TR, que
diminuiu o retorno dessas aplicações.
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