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Economia do Brasil é muito fechada, diz estudo do Bird
Ranking de barreiras às importações põe país em 92º lugar entre 125 nações
O regime tarifário brasileiro ainda é mais protecionista do que a média da América Latina e do Caribe, afirma o relatório divulgado ontem
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O Brasil tem uma das economias mais fechadas do mundo,
segundo um relatório divulgado ontem pelo Banco Mundial.
Num ranking de 125 países, em
que foram avaliadas as barreiras que cada um aplica às importações, o Brasil ficou em 92º
lugar, ou seja, no grupo das economias mais protecionistas.
De acordo com o relatório sobre Indicadores de Comércio
de 2008, embora o país tenha
promovido uma abertura considerável desde o início da década, o regime tarifário brasileiro ainda é mais protecionista
do que a média da América Latina e do Caribe. A média tarifária brasileira é de 8,7%, acima
da média regional, de 8,2%.
As barreiras não-tarifárias
também são usadas mais extensivamente pelo Brasil do
que por seus vizinhos. Segundo
o relatório, elas são aplicadas a
46,1% das linhas tarifárias do
país, porcentagem também
mais alta do que a média regional, que é de 35,7%.
Para o Bird, o Brasil tem margem para fazer concessões no
setor de serviços nas negociações da Rodada Doha. O relatório diz, porém, que o país continua liberalizando o setor, citando como exemplo as telecomunicações, os serviços financeiros e de portos e aeroportos.
Mas o Banco Mundial elogia
a diversidade da pauta de exportação do Brasil e coloca o
país no grupo dos países em
destaque. "Historicamente, o
crescimento do comércio e o
movimento para a diversificação de exportações têm sido irregulares", diz o estudo.
No ranking da abertura comercial, o Brasil ficou atrás de
Venezuela (86ª), Rússia (72ª),
Chile (65º) e China (57ª). As
economias mais abertas são,
pela ordem, Hong Kong, Cingapura, Suíça e Turquia.
Sobre o comércio mundial, o
relatório observa que houve
abertura significativa nos últimos anos, especialmente nos
países em desenvolvimento,
onde as tarifas caíram 46% desde meados dos anos 90.
A média das tarifas à importação no mundo caiu de 14,1%
em 1995-99 para 9,4% em 2007
-declínio de mais de 33%. Todos os países, sem exceção, se
beneficiaram disso. Na última
década, o comércio mundial
cresceu entre 7% e 9% ao ano.
O estudo alerta, contudo, que
médias tarifárias em queda
nem sempre significam realidade menos protecionista. Os
países ricos usam barreiras
não-tarifárias e mantêm o muro das tarifas para proteger certos setores, que, em muitos casos, são justamente os que mais
interessam aos emergentes.
Entre eles, está a agricultura,
em que o protecionismo dos
países desenvolvidos é mais
gritante. Segundo o relatório,
as tarifas impostas pelas nações
ricas à importação no setor
agrícola são nove vezes maiores
do que as da indústria.
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