São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Economia do Brasil é muito fechada, diz estudo do Bird

Ranking de barreiras às importações põe país em 92º lugar entre 125 nações

O regime tarifário brasileiro ainda é mais protecionista do que a média da América Latina e do Caribe, afirma o relatório divulgado ontem


MARCELO NINIO
DE GENEBRA

O Brasil tem uma das economias mais fechadas do mundo, segundo um relatório divulgado ontem pelo Banco Mundial. Num ranking de 125 países, em que foram avaliadas as barreiras que cada um aplica às importações, o Brasil ficou em 92º lugar, ou seja, no grupo das economias mais protecionistas.
De acordo com o relatório sobre Indicadores de Comércio de 2008, embora o país tenha promovido uma abertura considerável desde o início da década, o regime tarifário brasileiro ainda é mais protecionista do que a média da América Latina e do Caribe. A média tarifária brasileira é de 8,7%, acima da média regional, de 8,2%.
As barreiras não-tarifárias também são usadas mais extensivamente pelo Brasil do que por seus vizinhos. Segundo o relatório, elas são aplicadas a 46,1% das linhas tarifárias do país, porcentagem também mais alta do que a média regional, que é de 35,7%.
Para o Bird, o Brasil tem margem para fazer concessões no setor de serviços nas negociações da Rodada Doha. O relatório diz, porém, que o país continua liberalizando o setor, citando como exemplo as telecomunicações, os serviços financeiros e de portos e aeroportos.
Mas o Banco Mundial elogia a diversidade da pauta de exportação do Brasil e coloca o país no grupo dos países em destaque. "Historicamente, o crescimento do comércio e o movimento para a diversificação de exportações têm sido irregulares", diz o estudo.
No ranking da abertura comercial, o Brasil ficou atrás de Venezuela (86ª), Rússia (72ª), Chile (65º) e China (57ª). As economias mais abertas são, pela ordem, Hong Kong, Cingapura, Suíça e Turquia.
Sobre o comércio mundial, o relatório observa que houve abertura significativa nos últimos anos, especialmente nos países em desenvolvimento, onde as tarifas caíram 46% desde meados dos anos 90.
A média das tarifas à importação no mundo caiu de 14,1% em 1995-99 para 9,4% em 2007 -declínio de mais de 33%. Todos os países, sem exceção, se beneficiaram disso. Na última década, o comércio mundial cresceu entre 7% e 9% ao ano.
O estudo alerta, contudo, que médias tarifárias em queda nem sempre significam realidade menos protecionista. Os países ricos usam barreiras não-tarifárias e mantêm o muro das tarifas para proteger certos setores, que, em muitos casos, são justamente os que mais interessam aos emergentes.
Entre eles, está a agricultura, em que o protecionismo dos países desenvolvidos é mais gritante. Segundo o relatório, as tarifas impostas pelas nações ricas à importação no setor agrícola são nove vezes maiores do que as da indústria.


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