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Anatel deve propor novas exigências à compra da BrT
Agência estuda obrigatoriedades como a separação operacional dos serviços prestados
Também poderão ser adotados limites ou metas para a atuação do grupo
nas regiões nas quais não opera como concessionário
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) irá propor novas exigências para que a
Oi seja autorizada a comprar a
Brasil Telecom.
A possibilidade de exigir novas obrigatoriedades para a fusão das duas companhias foi
anunciada ontem com a divulgação da proposta de medidas
que tendem a facilitar a convergência de serviços e a competição entre empresas. Segundo a
Anatel, o setor de telecomunicações deverá receber investimentos de R$ 250 bilhões até
2018.
Entre as novas obrigatoriedades para a fusão entre Oi e
Brasil Telecom, podem constar
exigências para que haja uma
separação operacional dos diferentes tipos de serviço prestados pelas empresas. Até então,
a Anatel havia proposto a desagregação entre telefonia fixa e
banda larga, medida anunciada
na semana passada. Entre as
novas exigências, a Anatel poderá, também, impor limites ou
metas para a atuação do grupo
nas regiões nas quais não atuará como concessionário.
Essas condições para a efetiva autorização da compra vão
ser discutidas pela Anatel no
prazo de até 180 dias após a regulamentação da versão atualizada do Plano Geral de Outorgas (o chamado PGO). As condições propostas pela agência
terão de ser referendadas pelo
Ministério das Comunicações e
pelo presidente Lula.
A despeito disso, o texto de
revisão do PGO proposto pela
Anatel, e que está em consulta
pública por 30 dias a partir de
ontem, é vago em um aspecto
relevante. Ao determinar que a
concessionária de telefonia fixa
que comprar outra poderá ter
de separar as operações de banda larga, a agência não diz como
a separação vai ser feita. Se será
uma separação por empresas
ou apenas contábil.
"Isso [separação das atividades] é uma hipótese, uma possibilidade. A partir de agora vamos avaliar os prós e os contras", comentou o gerente de
Competição da Anatel, José
Neto. "Pode ser que esse seja o
grande debate, a consulta pública é para ver se é o melhor
caminho. Se esse remédio tiver
mais efeito colateral que ganhos, poderemos rever."
É nessa fase, por sinal, que o
governo espera derrubar as
propostas de separação das empresas em telefonia fixa e banda larga defendidas por parte
do conselho da Anatel, que desagradaram a todas as grandes
companhias do setor.
A expectativa do governo é
que a indicação do quinto conselheiro mude essa situação
dentro da Anatel, já que dois
dos atuais quatro diretores
-Pedro Jaime Ziller e Plínio de
Aguiar- são favoráveis à separação dos serviços, modelo criticado pelo Palácio do Planalto.
O presidente Lula já aceitou a
indicação de Emília Ribeiro, assessora da presidência do Senado e apoiada pelo PMDB, para
ocupar a vaga aberta na agência. Seu nome deve ser encaminhado ao Senado para aprovação nos próximos dias.
No texto em consulta pública, a Anatel também propõe
que a concessionária que adquirir uma terceira poderá ter
de manter o investimento na
infra-estrutura de telefonia fixa, que é a base para a expansão
da banda larga. Com isso, também indicou que as metas de
investimento em infra-estrutura de apoio à expansão da banda larga deverão ser ampliadas.
Convergência
Além de alterar as regras para que haja condição de atuação
de grandes grupos de telecomunicação no Brasil, a Anatel
também propõe uma série de
modificações na forma de atuação das empresas de grande,
médio e pequeno porte do setor
de telecomunicação.
Hoje, para prestar diferentes
tipos de serviço, uma empresa
necessita de diferentes tipos de
autorização. Por exemplo: para
ofertar TV por assinatura, a
empresa necessita de uma licença específica e de outras autorizações dentro dessa mesma
modalidade de serviço.
A sugestão é que a Anatel
passe a dar uma licença geral,
que torne automática a autorização para os serviços de telefonia fixa, móvel, banda larga e
TV por assinatura.
A revisão que a Anatel está
propondo leva em conta o cenário de forte expansão da banda larga no país nos próximos
dez anos. Segundo a agência,
entre 2008 e 2018 os investimentos no setor devem somar
R$ 250 bilhões, montante superior aos R$ 180 bilhões aplicados entre 1997 e 2007. A projeção foi feita com base em estimativas de crescimento da economia e consulta a empresas.
Pelo diagnóstico, os usuários
de internet no país, hoje estimados em menos de 10 milhões, deverão se aproximar de
40 milhões em 2010. Ao compor esse cenário, a Anatel considerou que o crescimento
maior vai ser o da banda larga
móvel. No segmento da TV por
assinatura, as projeções passam dos atuais 6 milhões de assinantes para 7 milhões em
2010 e 18 milhões em 2018.
NA INTERNET
www.folha.com.br/081697
Leia mais sobre as mudanças
propostas pela Anatel
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