São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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PIB do setor agrícola deve crescer 10%

É o que aponta projeção, se cotação das commodities se mantiver em alta

CNA, confederação do setor, prevê preços mais altos ao consumidor e reclama da alta no custo de adubos e do real valorizado ante o dólar


JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se a cotação internacional das commodities se mantiver em alta, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) espera crescimento de 10% no PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio este ano. No primeiro trimestre, o PIB do setor cresceu 2,81% em comparação com o mesmo período do ano passado, puxado pela safra recorde e o aumento dos preços.
Em 2007, o PIB do agronegócio, que soma a produção agrícola e pecuária, foi de R$ 582,6 bilhões. Apesar da disparada dos preços, os produtores representados pela CNA reclamam que não tiveram aumento de rentabilidade no período.
A principal preocupação é com a valorização de 75% dos principais fertilizantes no primeiro trimestre do ano. A cotação dos adubos representa custo maior para os produtores, mas ajudou no resultado do PIB do setor porque é contabilizado como insumo agrícola.
A CNA se queixa também da desvalorização do dólar, que reduz os ganhos dos exportadores, e dos gargalos de infra-estrutura no país, principalmente a falta de investimento nos portos. Embora o dólar impeça que o aumento da cotação internacional chegue integralmente no bolso do produtor, o preço médio dos produtos agrícolas, em reais, subiu 15,7% nos três primeiros meses deste ano.
A entidade avalia que esse aumento ainda não foi todo repassado para os consumidores. Pode-se esperar, portanto, novas altas de preços dos alimentos nos próximos meses.
Ricardo Cotta, superintendente técnico da CNA, alertou para que os custos de produção do agronegócio mudaram de patamar e não devem arrefecer nos próximos três ou quatro anos, por causa dos reajustes dos fertilizantes.

Impacto
"A população, querendo ou não, vai sofrer impacto porque o produtor não consegue mais produzir pelos mesmos custos do passado", disse Cotta.
A estimativa para o VBP (Valor Bruto da Produção) dos produtos agropecuários deste ano, que representa o faturamento bruto do setor, é de R$ 277 bilhões. Em 2007, o faturamento bruto foi de R$ 217,5 bilhões. O resultado deve ser sustentado pelos preços e pela safra recorde de grãos. Segundo Cotta, os fertilizantes representam 30% do custo da produção de grãos.
A CNA divulgou também o saldo comercial de US$ 22,6 bilhões do agronegócio, de janeiro a maio, 22,5% maior que nos cinco primeiros meses do ano passado. As exportações cresceram 25% no período e as importações, 40%. O superávit comercial foi suficiente, segundo a CNA, para cobrir o déficit comercial de US$ 13,9 bilhões dos demais setores da economia neste ano.
O setor sucroalcooleiro é o único que registra déficit comercial este ano, da ordem de US$ 2,3 bilhões. Segundo Cotta, há um excesso de produção de álcool no Brasil, o que reduziu os preços.


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