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PIB do setor agrícola deve crescer 10%
É o que aponta projeção, se cotação das commodities se mantiver em alta
CNA, confederação do setor, prevê preços mais altos ao consumidor e reclama da alta no custo de adubos e do real valorizado ante o dólar
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se a cotação internacional
das commodities se mantiver
em alta, a CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária do
Brasil) espera crescimento de
10% no PIB (Produto Interno
Bruto) do agronegócio este ano.
No primeiro trimestre, o PIB
do setor cresceu 2,81% em
comparação com o mesmo período do ano passado, puxado
pela safra recorde e o aumento
dos preços.
Em 2007, o PIB do agronegócio, que soma a produção agrícola e pecuária, foi de R$ 582,6
bilhões. Apesar da disparada
dos preços, os produtores representados pela CNA reclamam que não tiveram aumento
de rentabilidade no período.
A principal preocupação é
com a valorização de 75% dos
principais fertilizantes no primeiro trimestre do ano. A cotação dos adubos representa custo maior para os produtores,
mas ajudou no resultado do
PIB do setor porque é contabilizado como insumo agrícola.
A CNA se queixa também da
desvalorização do dólar, que reduz os ganhos dos exportadores, e dos gargalos de infra-estrutura no país, principalmente
a falta de investimento nos portos. Embora o dólar impeça que
o aumento da cotação internacional chegue integralmente
no bolso do produtor, o preço
médio dos produtos agrícolas,
em reais, subiu 15,7% nos três
primeiros meses deste ano.
A entidade avalia que esse
aumento ainda não foi todo repassado para os consumidores.
Pode-se esperar, portanto, novas altas de preços dos alimentos nos próximos meses.
Ricardo Cotta, superintendente técnico da CNA, alertou
para que os custos de produção
do agronegócio mudaram de
patamar e não devem arrefecer
nos próximos três ou quatro
anos, por causa dos reajustes
dos fertilizantes.
Impacto
"A população, querendo ou
não, vai sofrer impacto porque
o produtor não consegue mais
produzir pelos mesmos custos
do passado", disse Cotta.
A estimativa para o VBP (Valor Bruto da Produção) dos produtos agropecuários deste ano,
que representa o faturamento
bruto do setor, é de R$ 277 bilhões. Em 2007, o faturamento
bruto foi de R$ 217,5 bilhões. O
resultado deve ser sustentado
pelos preços e pela safra recorde de grãos. Segundo Cotta, os
fertilizantes representam 30%
do custo da produção de grãos.
A CNA divulgou também o
saldo comercial de US$ 22,6 bilhões do agronegócio, de janeiro a maio, 22,5% maior que nos
cinco primeiros meses do ano
passado. As exportações cresceram 25% no período e as importações, 40%. O superávit comercial foi suficiente, segundo
a CNA, para cobrir o déficit comercial de US$ 13,9 bilhões dos
demais setores da economia
neste ano.
O setor sucroalcooleiro é o
único que registra déficit comercial este ano, da ordem de
US$ 2,3 bilhões. Segundo Cotta, há um excesso de produção
de álcool no Brasil, o que reduziu os preços.
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