São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Carreira em países emergentes atrai jovens publicitários

Agências de publicidade do Leste Europeu e do Oriente Médio "compram o passe" de mais profissionais brasileiros

No Festival de Publicidade de Cannes, carioca descreve experiência na Romênia, e pernambucano, passagens no Bahrein e nos Emirados


CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Um dos desafios das agências brasileiras no Festival Internacional de Publicidade de Cannes é tentar trazer de volta os áureos tempos do setor no país, quando as agências nacionais foram consideradas as melhores do mundo por quatro anos consecutivos, na virada da década. Uma visita à área dos Young Lions, os jovens publicitários que participam do festival, mostra que o caminho será difícil e bastante parecido com o da seleção de futebol: há mais brasileiros representando outros países do que o próprio Brasil.
Entre os cinco brasileiros participantes da categoria de anúncios impressos nos Young Lions, apenas dois representavam o Brasil. Os outros eram dos Emirados Árabes, da Romênia e de Portugal. Apesar de a presença brasileira ser comum em agências norte-americanas e européias, a novidade é que os mais jovens passaram a ser caçados para os países emergentes, como os do Leste Europeu, da Ásia e da África.
"Temos a tradição de ter bons diretores de arte no Brasil e, quando a agência na qual trabalho resolveu incrementar sua criatividade, logo pensaram em brasileiros", afirma Pedro Américo Pahl, diretor de arte da Tempo Advertising, na Romênia.

Novas temperaturas
Aos 27 anos de idade, Pahl saiu do verão carioca direto para o inverno romeno, há sete meses. Diz ter sido muito bem recebido. "Fiz amigos e vivo numa região muito interessante historicamente", diz ele. "Eu, que nunca tinha visto neve, também aprendi a esquiar."
O pernambucano Rafael Rizuto foi levado para o Oriente Médio há um ano e meio e não tem planos de voltar ao Brasil tão cedo. Ficou nove meses na Artobrand, no Bahrein, e foi contratado em meados do ano passado pela Ogilvy Dubai. "Na agência em que trabalho, há pessoas de 30 países", diz Rizuto. "Os árabes têm alto poder aquisitivo, mas sentem falta da estética ocidental."

Pulverização
A importação de mão-de-obra talvez seja um dos motivos pelos quais cada vez mais países diferentes são premiados em Cannes. Malásia, Qatar, China e Cingapura conquistaram mais leões de ouro do que países ocidentais, na categoria de outdoor. "O mundo está mudando e os prêmios refletem isso", afirma André Lima, sócio da agência brasileira NBS e integrante do júri. "Esses anúncios poderiam ter sido criados em qualquer país."
O Brasil conquistou ontem seus primeiros dois leões de prata e outros três de bronze, exatamente em outdoor. Segundo Lima, a Lei Cidade Limpa, de São Paulo, reduziu o número de inscrições na categoria. Em rádio e mídia, o Brasil levou outros seis bronzes. No total, o país conquistou 2 troféus de prata e 11 de bronze. Metade das categorias já foi julgada. Amanhã serão divulgados os vencedores das categorias internet, impressos e design. Em internet, o país tem 37 finalistas de 327 indicados, e, em design, 5, de um total de 137.


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