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Carreira em países emergentes atrai jovens publicitários
Agências de publicidade do Leste Europeu e do Oriente Médio "compram o passe" de mais profissionais brasileiros
No Festival de Publicidade de Cannes, carioca descreve experiência na Romênia, e pernambucano, passagens no Bahrein e nos Emirados
CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
Um dos desafios das agências
brasileiras no Festival Internacional de Publicidade de Cannes é tentar trazer de volta os
áureos tempos do setor no país,
quando as agências nacionais
foram consideradas as melhores do mundo por quatro anos
consecutivos, na virada da década. Uma visita à área dos
Young Lions, os jovens publicitários que participam do festival, mostra que o caminho será
difícil e bastante parecido com
o da seleção de futebol: há mais
brasileiros representando outros países do que o próprio
Brasil.
Entre os cinco brasileiros
participantes da categoria de
anúncios impressos nos Young
Lions, apenas dois representavam o Brasil. Os outros eram
dos Emirados Árabes, da Romênia e de Portugal. Apesar de
a presença brasileira ser comum em agências norte-americanas e européias, a novidade
é que os mais jovens passaram a
ser caçados para os países
emergentes, como os do Leste
Europeu, da Ásia e da África.
"Temos a tradição de ter
bons diretores de arte no Brasil
e, quando a agência na qual trabalho resolveu incrementar
sua criatividade, logo pensaram
em brasileiros", afirma Pedro
Américo Pahl, diretor de arte
da Tempo Advertising, na Romênia.
Novas temperaturas
Aos 27 anos de idade, Pahl
saiu do verão carioca direto para o inverno romeno, há sete
meses. Diz ter sido muito bem
recebido. "Fiz amigos e vivo
numa região muito interessante historicamente", diz ele. "Eu,
que nunca tinha visto neve,
também aprendi a esquiar."
O pernambucano Rafael Rizuto foi levado para o Oriente
Médio há um ano e meio e não
tem planos de voltar ao Brasil
tão cedo. Ficou nove meses na
Artobrand, no Bahrein, e foi
contratado em meados do ano
passado pela Ogilvy Dubai. "Na
agência em que trabalho, há
pessoas de 30 países", diz Rizuto. "Os árabes têm alto poder
aquisitivo, mas sentem falta da
estética ocidental."
Pulverização
A importação de mão-de-obra talvez seja um dos motivos
pelos quais cada vez mais países diferentes são premiados
em Cannes. Malásia, Qatar,
China e Cingapura conquistaram mais leões de ouro do que
países ocidentais, na categoria
de outdoor. "O mundo está mudando e os prêmios refletem isso", afirma André Lima, sócio
da agência brasileira NBS e integrante do júri. "Esses anúncios poderiam ter sido criados
em qualquer país."
O Brasil conquistou ontem
seus primeiros dois leões de
prata e outros três de bronze,
exatamente em outdoor. Segundo Lima, a Lei Cidade Limpa, de São Paulo, reduziu o número de inscrições na categoria. Em rádio e mídia, o Brasil
levou outros seis bronzes. No
total, o país conquistou 2 troféus de prata e 11 de bronze.
Metade das categorias já foi julgada. Amanhã serão divulgados
os vencedores das categorias
internet, impressos e design.
Em internet, o país tem 37 finalistas de 327 indicados, e, em
design, 5, de um total de 137.
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