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SEGURANÇA
Prejuízo com fraudes no Brasil ainda não compensa maior gasto de empresas com tecnologias como o "smart card"
Proteção antifraude não chega aos cartões
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A tecnologia para evitar fraudes
no cartão de crédito avançou nos
últimos anos. Mas a quantidade
de fraudes ocorridas, por outro
lado, tem se mantido no mesmo
patamar no Brasil, segundo a
Abecs (Associação Brasileira das
Empresas de Cartões de Crédito).
Uma das explicações para o
aparente paradoxo é que as emissoras de cartão relutam em implementar em larga escala o cartão
com chip -que requer senha e
não tem registro de clonagem-,
considerando que a relação custo-benefício não é vantajosa.
As bandeiras, por outro lado,
preocupadas com a sua imagem
com o consumidor, estipularam
um prazo, até 2005, para a substituição total do cartão convencional pelo "smart card", como é
chamado o cartão com chip, que
começou a ser testado em meados
dos anos 90.
É uma disputa que, até agora,
vem sendo vencida pelos emissores. Para ter uma idéia, em 2000 a
bandeira Visa e a Abecs, por
exemplo, previam que em dois ou
três anos todos os cartões no país
seriam substituídos pela nova tecnologia. Hoje, a estimativa é que
no Brasil existam 2,5 milhões de
"smart cards", ou seja, cerca de
5% dos cartões existentes no país.
A razão: emitir um cartão à prova de clonagem custa muito mais.
Um cartão convencional sai em
média por R$ 0,60 para o emissor.
O preço do com chip -que utiliza um sistema de criptografia sofisticado- é de R$ 6.
"Na América do Norte e na
América Latina o chip vai demorar a acontecer. Quando se colocam na balança o prejuízo com
fraudes e o custo dessa tecnologia,
a conclusão é que ainda não vale a
pena", afirma Márcia Knobel, gerente de prevenção de fraudes da
emissora Credicard.
Outro fator que "desincentiva"
a nova tecnologia no Brasil é que
os cartões com chip, diferentemente do que ocorre na Europa,
não são muito usados para outra
finalidade que não evitar a clonagem.
"A idéia do chip não é apenas
combater fraudes mas também
ser um banco de dados para programas de fidelização, entre outras opções", diz Cláudio Facó, diretor-executivo de riscos da Orbitall, que presta serviços em processamento de informações.
As fraudes com cartão de crédito via internet também são uma
preocupação. Elas representam
hoje, segundo Walter Hannemann, diretor do IPDI (Instituto
de Peritos em Tecnologias Digitais e Telecomunicações), 2% do
total das fraudes com cartão.
O prejuízo do mercado com
fraudes no Brasil em 2003 correspondeu a 0,15% do faturamento,
o equivalente a R$ 70 milhões, de
acordo com dados da Abecs.
Um dos caminhos encontrados
para evitar prejuízos é o monitoramento dos hábitos de consumo
dos clientes. Se os gastos começam a fugir do habitual, o cliente é
contactado e questionado sobre
suas compras.
Foi o que aconteceu com o assessor de imprensa Domingos
Antunes, 49, que teve seu cartão
furtado, não percebeu e recebeu
uma ligação da administradora
do seu cartão. Já tinham sido feitas compras em seu nome somando R$ 6.900. "Disseram que eu teria que arcar com o prejuízo. Vou
recorrer ao Procon", disse.
A melhor forma de proteger-se,
dizem especialistas, é não perder
o cartão de vista. Nem isso, no entanto, representa alguma garantia. "O cartão de crédito ou de débito, que também é muito fraudado, pode ser clonado em uma máquina que se parece muito com a
de passar cartão. Em segundos,
todas as informações da tarja
magnética são copiadas", diz
Vander Giordano, diretor da área
de inteligência de negócios da
Kroll, consultoria em gerenciamento de riscos.
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