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Inflação maior ajuda governo a fechar contas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O que o governo perderá em arrecadação de tributos pelo fraco
crescimento da economia será recompensado pela alta da inflação.
De acordo com o secretário do
Tesouro Nacional, Eduardo
Guardia, a arrecadação é influenciada pelo valor do PIB (Produto
Interno Bruto) nominal. Isto é, de
cujos valores não é descontado o
aumento de preços, a inflação do
ano em que o PIB é medido.
Como o governo previa um aumento menor da inflação no início do ano, a redução do crescimento real da economia de 2,5%
para 2% poderá ser integralmente
compensada pela alta dos índices
de preços.
Segundo o Ministério do Planejamento, cada 0,5 ponto percentual de queda no PIB reduz a arrecadação em R$ 1,6 bilhão. Guardia explica que a inflação pode reverter esse impacto com uma alta
do mesmo montante.
Raciocínio semelhante sobre
prós e contras da inflação é feito
para a alta do dólar. Se por um lado a elevação do dólar prejudica
os cálculos feitos para a redução
da dívida pública, por outro poderá elevar as receitas com Imposto de Importação e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) vinculado à importação.
Isso porque os tributos recairão
sobre um valor maior em reais.
Na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2002, o governo projetava uma taxa de câmbio de R$ 2,40
para dezembro deste ano. O mercado financeiro, porém, espera
que ela chegue a R$ 2,50.
Na semana passada, o governo
atuou em três frentes para garantir o alcance da meta de superávit
primário (receitas menos despesas, exceto juros) prevista para o
ano, que é de R$ 29,2 bilhões para
o governo federal.
Foram anunciados cortes de R$
5,3 bilhões no Orçamento de 2002
(no ano os cortes somam R$ 17,7
bilhões), aumento de impostos no
valor de R$ 1,1 bilhão (Imposto
sobre Operações Financeiras) e
um pacote de anistia fiscal para as
empresas que desistirem de ações
contra a cobrança de impostos.
O objetivo é cobrir a suspensão
da CPMF (imposto do cheque) a
partir de 18 de junho. A emenda
que prorroga a contribuição ainda não foi aprovada pelo Congresso.
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