São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BC não vai dormir no ponto, diz Meirelles

Para uma platéia de altos executivos do mercado financeiro, ontem de manhã, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, manifestou confiança no sucesso da política monetária. Ele afirmou que o Banco Central irá conseguir trazer a inflação de volta para o centro da meta de 4,5% em 2009, como aposta o mercado. A expectativa de inflação do Boletim Focus do Banco Central é de 5,8% para 2008 e de 4,6% para 2009.
Meirelles transmitiu uma série de recados. Afirmou, por exemplo, que o Banco Central não vai deixar a alta da inflação atingir os preços no varejo, o chamado "pass-through" (repasse). Ele disse que o Banco Central irá agir a tempo para evitar um descontrole inflacionário.
"O Banco Central não vai dormir no ponto", afirmou Meirelles, cuja apresentação foi no escritório de advocacia Demarest & Almeida, em São Paulo. "Não vamos permitir a repetição do que aconteceu na década de 70."
Segundo Meirelles, o mercado confia no Banco Central, tanto que as previsões dos analistas são que a inflação fique em torno de 4,5% de 2009 a 2012. Para ele, essa é a melhor garantia de que o mercado sabe que o Banco Central é comprometido com o regime de metas.
Meirelles também comentou a crítica a respeito de a taxa de juros ser exagerada no Brasil. Ele disse, no entanto, que a taxa média de juros está caindo nos últimos anos e afirmou, em nome do Copom, que o que define a taxa de juros é a inflação.
"Se o Banco Central for leniente e praticar uma taxa baixa de juros, a inflação vai estar acima do piso", diz Meirelles.
O presidente do BC concorda com o fato de se praticar uma taxa de juros muito alta no Brasil, mas ele diz que há razões históricas para isso. O Brasil sofreu diversas crises cambiais e foi um dos países que mais tempo viveram a hiperinflação.
Os executivos presentes ao encontro gostaram da apresentação de Meirelles, principalmente pelo fato de ele ter dito que o Banco Central não vai dormir no ponto. "Até porque é a única parte do governo que está acordada para o problema da inflação", comentou um dos executivos à saída do encontro.

IMPERTINENTE
Mesmo com um repertório de piadas que abusam de machismo, preconceitos sobre sexo, religião, Aids e uma lista de deselegâncias, os personagens da série de animação da TV americana "Family Guy" não saem dos anúncios publicitários nos EUA. Segundo o "New York Times", nos últimos meses, campanhas de marcas como Coca-Cola, Subway e White Castle recorreram aos personagens.

BEM-VINDO
Desde ontem, data oficial do centenário da imigração japonesa, a Embratur entrega aos turistas do Japão, no aeroporto de Guarulhos, um certificado que lembra a data. A ação vai até julho. Os japoneses foram os principais visitantes asiáticos no Brasil em 2007. Os japoneses gastam, em média, US$ 1.800 por viagem ao exterior. Os destinos preferidos por eles no país são São Paulo, Foz do Iguaçu e Manaus. Segundo a Embratur, dos 16,5 milhões de japoneses que viajam ao exterior anualmente, quase 1 milhão tem grande interesse em viajar para o Brasil.

PAGAMENTO
O Santander, depois de conquistar a folha de pagamento da Nestlé, fechou contrato com o Saint-Gobain, dono de empresas como Brasilit, Quartzolit e Santa Marina. Fará pagamento de mais de 12 mil funcionários. O Santander venceu disputa com o Bradesco que presta serviços bancários ao Saint-Gobain hoje.

DISCIPLINA
O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), cancelou sua agenda de amanhã para assistir à palestra de Ram Charan, guru de executivos de empresas como GM, KLM, DuPont e Bank of America. O indiano, da Harvard Business School, fala sobre disciplina para ter resultados, em Joinville.

EM AÇÃO
A General Motors do Brasil atingiu 70 mil pessoas beneficiadas com ações de responsabilidade social realizadas no Brasil e na Argentina. O Instituto Geral Motors recebe investimentos anuais de US$ 4 milhões.

À MESA
O Departamento de Comércio dos EUA -braço do consulado americano- ajudará empresas norte-americanas de olho em franqueados brasileiros. As interessadas são Wendy's, Carl's Jr., Cold Stone Creamery, Crestcom, La Salsa, Planet Beach, Right at Home etc.

LIGAÇÃO
Roberto Lima, presidente da Vivo, está na próxima edição da revista "Ibef News", que circula entre executivos de finanças. Na edição, Lima diz que o setor de telecomunicações móveis no país apresenta a terceira maior carga tributária do mundo, atrás apenas de Turquia e Uganda. "Em média, 43,6% do que o consumidor paga por serviços de telecomunicações refere-se a impostos. Ou seja: de cada R$ 100, R$ 43,60 são tributos federais, estaduais e municipais. É uma carga que interfere negativamente na necessidade de universalização dos serviços", afirma.


com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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