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Justiça mantém exclusão de sócios brasileiros da VarigLog
MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A exclusão dos brasileiros
Marco Antonio Audi, Marcos
Haftel e Luiz Eduardo Gallo da
sociedade da Volo do Brasil,
controladora da VarigLog, por
ordem do juiz José Paulo Magano, da 17ª Vara Cível de São
Paulo, foi confirmada ontem
por unanimidade pelos desembargadores da 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de São Paulo.
A decisão mantém o fundo
norte-americano Matlin Patterson como o único sócio da
empresa, o que fere o Código
Brasileiro de Aeronáutica, que
limita em 20% a participação
de estrangeiros em companhias aéreas.
"O cenário continua o mesmo que estava desde o dia 1º de
abril. Só que o não-acolhimento do Tribunal do recurso dos
sócios brasileiros coloca agora
a VarigLog junto ao órgão regulador numa situação ainda pendente de acolhimento. Pode ser
que nos próximos dias a Anac
acabe efetuando a cassação do
direito de vôo do VarigLog", explica Marcello Panella, advogado dos sócios brasileiros.
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) deu um prazo de
30 dias para que o Matlin apresente uma nova composição
societária para a VarigLog, adequada à legislação brasileira. O
órgão ameaça cassar a concessão da empresa caso ela não se
adapte até o dia 6 de julho,
quando encerra o prazo.
Para a Anac, a decisão do TJ-SP não influencia em suas exigências. "Já foi dado um prazo
para a empresa apresentar uma
nova composição societária. E
esse prazo está correndo."
O Matlin questiona a exigência da Anac para que altere seu
quadro societário. O argumento do fundo é que a Constituição assegura a existência de
empresas nacionais formadas
com capital estrangeiro, o que
seria o caso da Volo do Brasil.
Sem confirmar se está procurando novos sócios, o Matlin
diz que "está tomando todas as
medidas necessárias para a regularização da VarigLog".
Recurso
Segundo Panella, os sócios
brasileiros vão recorrer ao STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
contra a decisão do juiz Magano, confirmada pelo Tribunal
de Justiça, que os exclui da sociedade da VarigLog.
"O próprio ministro Nelson
Jobim [Defesa] já apontou a
ilegalidade da manutenção dessa situação, uma vez que o capital estrangeiro não pode, de
forma alguma, fixar o controle
sobre a empresa," diz Panella.
Em nota, o Matlin afirmou
que a exclusão dos brasileiros
da sociedade "é o que permite
que se mantenha o projeto de
reestruturação da empresa".
"Essa decisão do Tribunal de
Justiça de São Paulo, portanto,
chega em um momento positivo para que a VarigLog possa,
efetivamente, recuperar sua
capacidade operacional," disse.
Pedidos negados
Os desembargadores Natan
Zelinschi, Alvaro Passos e Élcio
Trujillo também negaram dois
recursos do Matlin Patterson
que pedem a revisão de decisões do juiz Magano sobre a
gestão da VarigLog.
Eles mantiveram o bloqueio
judicial dos recursos da VarigLog, estimados em US$ 85 milhões, na conta do banco suíço
Lloyds. O Matlin queria que os
recursos fossem liberados para
livre administração do fundo,
sem interferência da Justiça.
O TJ também negou o pedido
de revisão da decisão de Magano de que o Matlin pagasse diretamente os credores da VarigLog, sem passar pela empresa.
Ausência
Apesar de desmarcarem seus
depoimentos na audiência da
Comissão de Infra-Estrutura
do Senado com a justificativa
de que a data coincidia com o
julgamento do Tribunal de Justiça, Audi, Gallo e Haftel não
compareceram ao TJ-SP.
Segundo Panella, eles aguardavam o resultado do julgamento no escritório Thiollier e
Advogados para "definir a melhor estratégia diante de qualquer resultado". "A justificativa
deles [para desmarcar os depoimentos no Senado] é que existia o julgamento, e não que eles
estariam presentes no julgamento," afirma Panella.
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