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Bolsa cai 2% com cenário externo negativo
Resultados ruins de empresas nos EUA afetam mercado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem a ajuda das siderúrgicas,
a Bovespa acompanhou o mau
desempenho do mercado internacional e terminou o pregão
de ontem com recuo de 1,97%.
Com isso, as perdas acumuladas no mês foram a 7,58%.
O cenário negativo, marcado
pela alta da inflação pelo mundo, o temor de elevação dos juros e o receio em relação às perdas e às dificuldades que ainda
rondam o setor bancário, derrubou as Bolsas nas principais
praças financeiras.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones recuou 1,08%; a Bolsa
eletrônica Nasdaq teve perdas
de 1,14%. Na Europa, houve
quedas de 1,79% em Londres,
de 1,44% em Paris e de 0,99%
na Bolsa de Frankfurt.
O resultado ruim da empresa
americana FedEx, importante
referência para avaliar como
anda a economia do país, pesou
nos pregões. A empresa teve
prejuízo de US$ 241 milhões no
trimestre encerrado em maio e
suas ações encerraram em baixa de 2,05%.
No setor bancário, ontem foi
a vez de o Morgan Stanley
anunciar um recuo de 60% em
seu lucro líquido trimestral,
que ficou em US$ 1,026 bilhão.
A nova alta do petróleo também colaborou para o dia desanimador. O barril de petróleo
encerrou em alta de 1,99% em
Nova York, vendido a US$
136,68. O encarecimento do
produto representa uma fonte
extra de pressão inflacionária.
O pessimismo tem feito as
Bolsas estrangeiras acumularem perdas relevantes em
2008. O índice Dow Jones tem
baixa acumulada de 9,32% no
ano; a Nasdaq sofre com queda
de 8,39%. A Bolsa de Londres
tem perda anual de 10,70%.
A Bovespa ao menos ainda
opera no azul, com alta de
5,02% no ano.
Nesse cenário desfavorável, o
Royal Bank of Scotland aconselhou seus clientes a se prepararem para momentos ainda
mais críticos no mercado nos
próximos três meses. Bob Janjuah, estrategista do banco,
afirmou em relatório que o índice S&P 500, de Wall Street,
pode recuar 300 pontos até setembro -o que representaria
uma queda superior a 22% no
índice no período.
Na Bolsa de Valores de São
Paulo, nem o "investment grade" (grau de investimento)
concedido por duas agências de
classificação de risco tem elevado a atratividade do mercado. Tanto que os investidores
estrangeiros têm vendido pesados lotes de ações na Bovespa,
em movimento inverso ao esperado. O saldo líquido das
operações feitas com capital
externo na Bolsa paulista neste
mês, até sexta-feira, está negativo em R$ 4,74 bilhões.
As ações das companhias siderúrgicas, que haviam sustentado a alta da Bovespa na terça-feira, devolveram os ganhos ontem. Entre as maiores companhias do segmento, houve queda nos papéis Usiminas PNA
(-2,76%), CSN ON (-2,70%) e
Gerdau PN (-1,32%).
Uma exceção foi a ação preferencial "A" da Vale, que subiu
0,82%.
O pregão de ontem foi bastante movimentado, como demonstra o volume girado: R$
12,2 bilhões. O vencimento de
opções sobre o Ibovespa inflou
um pouco o giro financeiro,
mas respondeu por apenas R$
2,8 bilhões.
Dólar depreciado
Apenas o mercado de câmbio
tem mantido sua rota, com o
real se apreciando. Ontem, o
dólar desceu mais um pouco
diante do real, 0,06%, para encerrar vendido a R$ 1,607, o que
representa seu menor patamar
desde janeiro de 1999.
Se o dólar tiver uma queda
0,45% hoje, romperá o piso de
R$ 1,60, o que não ocorre desde
20 de janeiro de 99.
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