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Brasil terá usina a carvão para suprir Uruguai
DA SUCURSAL DO RIO
DO FOLHA ONLINE, NO RIO
Sem exigir contrapartida, o
Brasil autorizou a construção
de uma termelétrica a carvão
em Candiota, no Rio Grande do
Sul, exclusivamente para suprir o Uruguai, que tem escassez de oferta de energia. A unidade terá capacidade de geração de 350 MW. No município,
há minas de carvão e outras térmicas que usam o insumo.
"Não haverá nada em troca. É
uma questão de amizade entre
países", afirmou Lobão. O ministro negou que o Brasil terá
danos ambientais com o empreendimento -cujo potencial
poluidor é maior do que as alternativas de geração hidrelétrica, a gás e a óleo.
Ao defender a usina, Lobão
afirmou que o transporte do
carvão polui mais do que a sua
utilização para a geração de
energia. Por isso, optou-se pela
decisão de instalar a unidade
perto das minas de Candiota.
O ministro de Minas e Energia do Uruguai, Daniel Martinez, afirmou que atualmente a
tecnologia permite a construção de térmicas a carvão com
baixa emissão de CO2 por meio
da instalação de filtros especiais. "O custo é 40% maior,
mas é possível fazer uma termelétrica menos poluente."
Lobão afirmou que toda a
construção e operação da usina
ficará a cargo do Uruguai, que
financiará o projeto. Ao Brasil,
caberá apenas ceder o terreno e
vender o carvão a ser queimado
na térmica, segundo o ministro.
Indagado se o país terá alguma contrapartida no negócio,
Lobão afirmou que era uma
"gentileza" do Brasil. Disse, porém, que na eventualidade de
sobra de energia no Uruguai e
escassez no Brasil o produto da
termelétrica poderia ser consumido pelo mercado brasileiro.
Martinez disse que o governo
uruguaio poderá investir sozinho ou em parceria com a iniciativa privada na instalação da
térmica a carvão. Para empregar a energia gerada, o Uruguai
investirá também em uma linha de transmissão e numa estação conversora -pois a potência lá é menor- com capacidade de 500 MW. Nesse caso, o
Brasil poderá entrar como sócio do empreendimento.
O Uruguai tem dificuldade
atualmente no suprimento de
energia -uma das duas hidrelétricas do país está parada por
causa do baixo nível do reservatório. A outra opera com 10%
da capacidade. Diante desse cenário, a alternativa é a importação de energia. Ontem, Brasil e
Uruguai fecharam acordo de
troca de energia. Inicialmente,
o Brasil vai enviar 72 MW diários de maio a junho. Nos três
meses seguintes, o país vizinho
devolverá essa mesma carga.
Até agora, o governo uruguaio comprava energia brasileira gerada em termelétricas e
pagava por isso. No acordo de
ontem, não há desembolso. O
Brasil mantém entendimento
semelhante com a Argentina.
(PEDRO SOARES e CIRILO JUNIOR)
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