São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Oi diz que tomará crédito de R$ 11 bi para compra da BrT

Empresa diz que, além dos R$ 4,3 bi obtidos com o BB, estuda lançar bônus no exterior e emitir notas promissórias

Tamanho de empréstimo dado pelo Banco do Brasil surpreende concorrente; aquisição ainda depende de mudança na legislação

ROBERTO MACHADO
RIO DE JANEIRO

A Oi divulgou ontem o plano de financiamento que adotará para a compra da Brasil Telecom caso ela venha a ser permitida após mudanças na legislação do setor, defendidas pelo governo. Serão captados aproximadamente R$ 11 bilhões- que correspondem a 85% dos cerca de R$ 13 bilhões que a operadora estima gastar com a aquisição.
Na quarta-feira, a Oi anunciou um empréstimo de R$ 4,3 bilhões do Banco do Brasil, com juros correspondentes à variação do CDI (certificado de depósito interbancário), mais "spread" de 1,80% ao ano, incluindo a cobrança de IOF (imposto sobre operações financeiras), e com prazo médio de 4,9 anos.
O empréstimo do BB surpreendeu executivos de outras operadoras de telefonia. Um integrante da diretoria de uma das maiores empresas do setor, que não quis se identificar, diz que já era esperado e natural que o BB participasse do programa de captação da Oi, mas que o volume emprestado ficou muito além da expectativa.
Ele vê dois problemas na operação: a excessiva concentração de crédito numa única empresa-levando-se em conta o total emprestado pelo BB para o setor de telefonia- e as garantias que teriam que ser oferecidas por qualquer operadora para obter um empréstimo desse porte.
O último dado disponível, de março, mostra que os empréstimos do BB para todo o setor de telecomunicações somavam R$ 2 bilhões- cerca de metade do que será destinado à Oi. Em nota divulgada ontem para detalhar o programa de financiamento, a Oi declarou que "as duas etapas do plano de financiamentos foram precedidas de concorrência no mercado bancário com a participação de cerca de dez diferentes instituições financeiras, de origem nacional e internacional."
Ainda segundo a nota, "o plano foi estruturado considerando o baixo nível de endividamento atual, a forte geração de caixa e a condição de "investment grade", classificação dada às companhias com menor risco de crédito.
Segundo a Oi, a segunda etapa do programa de financiamento está em andamento e consiste na emissão de notas promissórias no valor de R$ 3,6 bilhões, com os bancos Santander, Bradesco e Itaú. A operação terá custo de CDI, mais 1,60% ao ano, com prazo de dois anos.
A Oi disse ainda que iniciou estudos para realizar a terceira e última etapa do programa de captações- e que pretende obter, até o fim de outubro, cerca de R$ 3 bilhões para completar a necessidade de financiamento para a aquisição da BrT. Entre as propostas analisadas estão o lançamento de bônus no exterior, a captação de empréstimos bancários no exterior e a obtenção de crédito junto a organismos multilaterais.
Outro banco público, o BNDES, dará crédito de R$ 2,5 bilhões para promover a reestruturação acionária da Oi.
A compra da BrT foi anunciada em abril, mas ainda depende de mudanças na legislação do setor - principalmente no PGO (plano geral de outorgas). Além disso, será necessário ter aprovação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).


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