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Bolsa recua ao menor nível em quase 1 ano
Índice Ibovespa desce a 53.326 pontos, menor patamar desde setembro passado; no mês, desvalorização chega a 10%
Estrangeiro mantém venda
de ações brasileiras, e Bolsa
enfrenta dificuldades para
se recuperar; perdas fazem
deste ano o pior desde 2002
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa começou mal a semana: com mais uma baixa,
passou a acumular desvalorização de 10,38% no mês e desceu
a seu menor patamar em quase
um ano. A queda no pregão de
ontem ficou em 1,69%, o que levou a Bolsa paulista aos 53.326
pontos, mais baixo nível desde
setembro de 2007.
O pessimismo que voltou a
derrubar a Bolsa veio dos EUA,
influenciado pelas preocupações crescentes com o setor financeiro do país. O índice Dow
Jones sofreu baixa de 1,55%, e a
Nasdaq perdeu 1,45%.
As mais afetadas ontem foram as gigantes financeiras hipotecárias americanas Freddie
Mac e Fannie Mae, cujas ações
terminaram com baixas de
24,96% e 22,25%, respectivamente. Informações de que as
duas terão de receber aporte de
recursos do Tesouro devido às
dificuldades que enfrentam levaram investidores a se desfazerem dos papéis.
"O setor financeiro nos Estados Unidos estragou novamente o humor do mercado. Os problemas de liquidez no segmento ainda trazem bastante inquietação", disse Rafael Moysés, da corretora Umuarama.
Para Marcelo Ribeiro, da
Pentágono Asset, a Bolsa pode
cair mais nas próximas semanas até que o volume de negócios se recupere. "A gente ainda
não viu o fundo do poço. E um
indicador disso é o volume, que
continua se reduzindo. O mercado sobe com liquidez. Claramente a liquidez está caindo
[na Bolsa]. A gente não vê um
motor que faça a Bolsa subir."
Previsões de novas perdas
para o banco Lehman Brothers,
ainda como reflexo da crise de
crédito imobiliário, pioraram
as expectativas para o setor.
No Brasil, apesar de os bancos seguirem anunciando lucros robustos, as ações do setor
não escaparam das perdas ontem. Entre os maiores privados, houve quedas acima do
Ibovespa: Bradesco PN perdeu
2,75%; Unibanco UNT recuou
2,52%; e Itaú PN, 2,47%.
Moysés afirma que a saída de
estrangeiros, que se arrasta
desde junho, tem punido também papéis de empresas com
bons fundamentos. "O estrangeiro continua vendendo, e o
investidor local não está com
força para segurar a Bolsa. Muito estrangeiro tem vendido
ações aqui para cobrir perdas
ou mesmo comprar papéis depreciados lá fora", disse.
Até a quinta-feira passada, o
balanço mensal das operações
dos estrangeiros na Bolsa
apontava saída de recursos do
pregão de R$ 1,8 bilhão. Entre
junho e julho, a Bovespa perdeu outros cerca de R$ 15 bilhões em recursos externos.
As empresas brasileiras ligadas ao setor de commodities
não tiveram melhor destino
ontem. Para as gigantes Petrobras e Vale, o dia foi de baixa.
Para os papéis da Petrobras,
as quedas no pregão foram de
3,03% (PN) e 2,87% (ON). Na
Vale, houve baixas de 2,24%
(PNA) e 2,22% (ON).
O petróleo desceu mais um
pouco ontem em Nova York,
para US$ 112,87, em baixa de
0,79%, e está cada vez mais distante de seu pico de US$ 145,
registrado em julho. As commodities metálicas também
voltaram a se enfraquecer no
mercado internacional, o que
afetou as siderúrgicas brasileiras. As ações ordinárias da Gerdau perderam 3,13%; e Siderúrgica Nacional ON, 2,18%.
As perdas afetaram a maioria
das ações do Ibovespa e não
pouparam nenhum setor
-aproximadamente 80% dos
66 papéis que formam o índice
fecharam em baixa.
Com queda anual acumulada
de 16,5%, a Bolsa se tornou uma
decepcionante opção de investimento em 2008, após ser destaque de rentabilidade entre
2003 e 2007.
Dólar
O mercado de câmbio acabou
escapando do dia turbulento. O
dólar encerrou em pequena
baixa de 0,06%, vendido a R$
1,639, após chegar a ser negociado a R$ 1,628 em seu momento mais fraco de ontem. No
mês, a apreciação da moeda
americana é elevada, de 4,86%.
"A eventual continuidade do
fortalecimento da moeda americana lá fora, com quedas ainda mais expressivas das matérias-primas exportadas pelo
Brasil, deve continuar a se traduzir em alta para o dólar diante do real e de baixa para o índice Ibovespa", afirmou Miriam
Tavares, diretora da corretora
de câmbio AGK.
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