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Orçamento deixa brecha para aperto fiscal maior
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto de Orçamento de
2009, a ser enviado ao Congresso até o final deste mês,
manterá a mesma meta de esforço fiscal seguida desde o início do governo Lula, mas deverá deixar ao menos uma brecha
para a repetição do arrocho extra promovido neste ano.
Sancionada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova Lei de Diretrizes Orçamentárias prevê um superávit primário -a parcela das receitas destinada ao abatimento
da dívida pública- de 3,8% do
Produto Interno Bruto, em vez
dos 4,3% perseguidos neste
ano. O projeto de Orçamento
terá de seguir essa orientação.
Segundo a Folha apurou, no
entanto, a tendência é que a lei
orçamentária tenha um artigo
prevendo que a parcela do superávit superior à meta fixada
seja destinada ao chamado fundo soberano, um projeto da
equipe econômica ainda em
tramitação no Congresso e de
destinação ainda pouco esclarecida: pensado de início como
um mecanismo de intervenção
no mercado de câmbio, o fundo
acabou se tornando pretexto
para elevar o superávit.
Os ministérios da Fazenda e
do Planejamento defendem a
continuidade do aperto extra
de 0,5% do PIB. Se explicitada
no projeto de Orçamento, a
medida terá a vantagem de melhorar as expectativas do mercado para as contas públicas e a
inflação e, ao menos em tese,
contribuir para a queda dos juros. Já no restante da Esplanada dos Ministérios, as demandas são por mais gastos.
No primeiro semestre, graças a uma arrecadação tributária recorde, o Tesouro teve superávit de 4,4% do PIB. É no
segundo semestre, porém, que
as despesas são tradicionalmente maiores -neste ano, entrará em vigor um pacote de
reajustes salariais generalizados aos servidores públicos.
Mesmo que o Orçamento de
2009 não preveja números para um aperto adicional, a iniciativa poderá ser tomada mais
a frente, porque a legislação
não impede que o superávit
primário fique acima do previsto. Essa alternativa daria a
Lula mais tempo para avaliar o
cenário econômico.
Viagens e publicidade
Lula vetou na LDO a determinação de que o governo reduzisse em 10%, no próximo
ano, as despesas com publicidade, diárias, passagens e locomoção, como parte do esforço de
conter o avanço dos gastos permanentes. A regra havia sido
incluída no texto pelo Congresso, por pressão da oposição.
De acordo com o Planalto, a
restrição prejudicaria atividades essenciais como campanhas educativas, fiscalização,
vigilância sanitária, defesa civil
e policiamento, dependentes
de publicidade ou viagens de
servidores. Argumentou-se
ainda que a medida poderia estimular a ampliação dos gastos
neste ano. "O conhecimento
antecipado da redução determinada poderá, ao contrário do
que se pretende, levar ao incremento dessas despesas em
2008, resultando em letra morta a intenção preconizada",
afirmou o texto.
Também foi vetado um trecho da lei que impedia o Executivo de bloquear despesas destinadas ao combate à violência
contra a mulher, a pessoas com
deficiência e à educação ambiental.
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