|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para exportadores, poder público é o maior entrave
Tributação excessiva e confusa e infra-estrutura precária são maiores problemas
Conclusão é de pesquisa da FGV com 258 empresas de exportação; governo diz que está fazendo mapeamento de sua atuação no setor
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com todo o barulho
em torno das negociações do
governo para eliminar barreiras comerciais impostas por
outros países, como aconteceu
durante a Rodada de Doha, o
assunto merece pouca importância na lista de preocupações
dos exportadores brasileiros.
No dia-a-dia das empresas,
alta tributação, leis confusas e
em excesso e infra-estrutura
precária -áreas ligadas ao poder público- estão entre os
principais entraves que atrapalham a competitividade do país.
Essa é uma das conclusões da
pesquisa "Competitividade
Brasileira nas Exportações", do
GVCelog (Centro de Excelência em Logística), da Fundação
Getulio Vargas. No primeiro semestre, executivos responsáveis pelo comércio exterior em
258 empresas do catálogo de
exportadores da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
responderam à pesquisa.
Foram identificados 53 gargalos, abrigados em 11 grupos
de problemas, como legais, tributários, burocráticos, logísticos e de infra-estrutura.
A pesquisa indicou que entraves ligados à ausência de incentivos do governo, à dificuldade de melhorar a competitividade e à tributação excessiva
foram considerados os de impacto mais grave. "A maioria
dos gargalos está ligada à esfera
do poder público", diz Juliana
Bonomi Santos, do GVCelog.
Aloisio Tupinambá Gomes
Neto, da Camex (Câmara de
Comércio Exterior), disse que o
governo tem trabalhado para
reduzir os entraves às exportações. Mas causou indignação
nos exportadores presentes o
fato de que apenas agora o governo está fazendo o mapeamento do número de funcionários públicos ligados à exportação. Além disso, o governo está
tentando padronizar horários
dos vários órgãos ligados à exportação, já que hoje funcionam em horas diferentes, atravancando as vendas externas.
Segundo Gomes, entre as
medidas já adotadas está a dispensa de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
fazer dupla fiscalização em medicamentos importados e a dispensa de registro no órgão de
remédios para exportação.
O governo estuda ainda criar
um cadastro de facilitação para
exportadores tradicionais e o
"drawback verde e amarelo",
no qual insumos nacionais usados para a fabricação de produtos destinados a exportação seriam isentos dos impostos federais (IPI, PIS e Cofins) para
"corrigir a distorção entre os
produtos importados e os nacionais", disse Gomes.
Outra novidade é a ampliação do limite do valor de vendas
externas pelo Exporta Fácil, de
US$ 20 mil para US$ 50 mil.
O excesso de tributos e a dificuldade de ressarcimento de
créditos tributários foram considerados problemas gravíssimos.Também entram na lista a
baixa eficiência de portos, rodovias e ferrovias, o excesso de
leis, sua freqüente alteração e
múltiplas interpretações de registros por órgãos públicos.
A CNI também apresentou
pesquisa com 855 empresas exportadoras, com resultados semelhantes, acrescentando o
câmbio, que aparece como o
maior problema para 82,2%
dos entrevistados, seguido por
custos portuários e aeroportuários e a burocracia alfandegária (40%).
Texto Anterior: SP volta a pedir à Petrobras ampliação da oferta de gás Próximo Texto: Balança tem maior superávit semanal do ano Índice
|