|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Anatel faz contrato com seu ex-presidente por R$ 1,3 mi
Empresa de Guerreiro ofereceu preço maior, mas foi chamada por outros critérios
Desde que chefiou agência de telecomunicações, no governo FHC, ex-presidente deu consultoria a quase todas as grandes teles
HUMBERTO MEDINA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) contratou, por R$ 1,285 milhão, a
Guerreiro Consult, empresa de
consultoria pertencente a Renato Guerreiro, que presidiu a
agência reguladora entre novembro de 1997 e abril de 2002.
A licitação foi feita na modalidade convite, ou seja, a Anatel
não fez edital para quaisquer
interessados, apenas entrou
em contato com algumas empresas. Além da Guerreiro, outras quatro empresas apresentaram proposta: FGV, Orion
(do ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros), International Data Corporation e
Spectrum Latino América.
Dessas, duas apresentaram
propostas com preço inferior
ao que será pago à Guerreiro
Consult: FGV (R$ 985 mil) e
Orion (R$ 755,4 mil). A licitação, no entanto, foi definida
com o critério "técnica e preço". Por esse método, o menor
preço nem sempre é vencedor,
uma vez que são analisados outros aspectos técnicos.
Na conjugação dos critérios,
a Guerreiro foi vencedora, com
o preço de R$ 1,486 milhão. Para fechar o contrato, no entanto, a Anatel exigiu desconto, e o
preço foi a R$ 1,285 milhão.
Segundo extrato do contrato,
publicado na sexta-feira no
"Diário Oficial" da União, serão
feitos "serviços especializados
de consultoria para suporte às
atividades de mapeamento da
situação atual da exploração
dos serviços de telecomunicações, perspectivas para o setor
de telecomunicações, no período 2010 a 2015, e de proposição
de metas e condicionamentos
aplicáveis aos serviços explorados em regime público".
Ainda segundo extrato do
contrato, o serviço tem que ser
executado em 150 dias corridos, que começaram a contar
na sexta-feira. Nem a Anatel
nem Guerreiro deram mais explicações sobre o que será feito
exatamente. Entre os "serviços
explorados em regime público", está a telefonia fixa local.
Guerreiro começou a carreira como consultor tão logo
cumpriu a quarentena legal
exigida por ter sido membro do
conselho diretor da Anatel.
Três meses depois de ter saído
da agência reguladora, ele fechou dois contratos de consultoria com a Brasil Telecom,
conforme auditoria na empresa
feita pela ICTS Global.
Em 30 de junho de 2002, assinou um contrato de R$ 2,27
milhões e outro de R$ 1,17 milhão, por meio da empresa
Guerreiro Teleconsult Consultoria Ltda., para prestar serviços da data da assinatura até o
dia 1º de outubro daquele ano.
A contratação foi feita quando
o Opportunity, do banqueiro
Daniel Dantas, era gestor da
Brasil Telecom.
Os pagamentos, porém, estenderam-se até 2005. Ao todo,
Guerreiro recebeu da Brasil Telecom R$ 2,38 milhões por serviços de consultoria prestados
e outros R$ 226, 70 mil não vinculados a contratos, conforme
a auditoria da ICTS Global.
O primeiro pagamento ocorreu em 29 de agosto de 2002, e
o último, em 1º de dezembro de
2005, ano em que Guerreiro recebeu, ao todo, R$ 737,79 mil.
A auditoria foi encomendada
pelos novos gestores da Brasil
Telecom em 2005, tão logo
Dantas perdeu o comando da
Brasil Telecom na disputa com
os fundos de pensão e o Citibank.
No endereço eletrônico da
Guerreiro Consult, aparecem
como clientes da empresa praticamente todas as grandes
operadoras de telefonia fixa e
celular.
Texto Anterior: Resultado: Dona da Parmalat tem prejuízo de R$ 73 milhões no 2º trimestre Próximo Texto: Outro lado: Guerreiro não vê ilegalidade nem questão ética Índice
|