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País terá mais quatro usinas após Angra, afirma Lula
Duas geradoras nucleares ficarão no Nordeste, e o restante, no Sudeste
Para atender Ibama,
governo se compromete a
detalhar até 2010 projeto
que visa armazenar rejeitos
de usinas por 500 anos
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil terá quatro novas
usinas nucleares depois de Angra 3, definiu ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em reunião no início da noite
com um grupo de ministros encarregado da reformulação do
programa nuclear brasileiro.
A nova fase do programa pós-Angra 3 começará com a construção de duas usinas no Nordeste. Quatro Estados disputam a sua localização: Pernambuco, Bahia, Alagoas e Maranhão. As outras duas usinas ficarão na região Sudeste, definiu o presidente, que afastou as
outras propostas em estudo pelo governo e que previam a
construção de até mais oito novas usinas.
Durante boa parte do tempo
da reunião no Planalto, os ministros se detiveram na exigência feita pelo Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) na licença prévia concedida a Angra 3. De acordo com o
Ibama, a usina só receberá autorização para começar a operar mediante uma solução definitiva para armazenar o combustível usado das usinas.
Localização
A CNEN (Comissão Nacional
de Energia Nuclear) e a Eletronuclear se comprometeram a
detalhar, até 2010, projeto de
armazenamento desses rejeitos nucleares por um período
longo de tempo, de no mínimo
500 anos. Uma dos pontos ainda indefinidos é a localização
desse depósito.
Atualmente, Angra 1 e Angra
2 armazenam o combustível
usado em piscinões de resfriamento no interior das próprias
usinas. Esses depósitos podem
armazenar o combustível usado durante a vida útil de uma
usina, estimada em 60 anos.
Angra 3 também terá um piscinão como primeiro destino para o combustível usado.
De acordo com a idéia apresentada ontem ao presidente
Lula, o combustível usado nas
usinas, em formato de varetas,
deverá ser acondicionado em
grandes cilindros de aço inoxidável e levado para um depósito com paredes de concreto,
que impeçam o vazamento de
radiação. O urânio usado como
combustível pelas usinas continua ativo por centenas de anos
depois que é substituído.
Uma nova geração -a quarta- de usinas nucleares trabalha com a reciclagem desse material. E essa possibilidade será
deixada em aberto com a decisão de não lacrar em rochas o
combustível usado.
Minc
O ministro Carlos Minc
(Meio Ambiente) não se opôs à
solução discutida com o presidente. Ele acredita que não haverá problemas para atender às
exigências do licenciamento
ambiental da terceira usina
brasileira.
Segundo o cronograma confirmado na reunião de ontem,
Angra 3 deverá começar a operar em 2014. As obras, interrompidas em 1986, dependem
ainda de uma nova licença do
Ibama para serem retomadas.
A previsão é que as exigências
para a licença de instalação sejam cumpridas até meados do
primeiro semestre de 2009.
Antes disso, a Eletronuclear
cuidará de preparar o terreno
para a construção da usina. O
governo estima gastos de mais
R$ 7,3 bilhões para concluir
Angra 3.
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