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VISÃO DE FORA
Mesmo divergentes no receituário, Jeffrey Sachs, Joseph Stiglitz, Stanley Fischer e Robert Rubin vêem cenário pessimista
Brasil decepciona "notáveis" da economia
ÉRICA FRAGA
EM NOVA YORK
O Brasil tem exibido resultados
econômicos decepcionantes. Pior
do que isso, o atual governo não
tem adotado medidas que sejam
suficientes para inverter esse quadro ruim e fazer a economia atingir taxas maiores e mais sustentáveis de crescimento no futuro. O
diagnóstico pessimista é compartilhado por quatro dos maiores
economistas norte-americanos
da atualidade: Jeffrey Sachs, Joseph Stiglitz, Stanley Fischer e Robert Rubin.
O complemento dessa análise
comum, no entanto, são sugestões de políticas que estão longe
de um ponto de convergência.
Notadamente mais heterodoxos, Sachs e Stiglitz -professores
da Universidade Columbia- dizem que os países da América Latina fizeram muitas reformas macroeconômicas nas últimas décadas que provaram ser insuficientes para colocá-los na trilha do
crescimento sustentado.
Defendem a importância de que
o Brasil, por exemplo, adote uma
estratégia de desenvolvimento
que envolva maior intervenção do
governo na elaboração de medidas como políticas industriais.
No extremo oposto, Stanley Fischer-presidente do Citigroup
Internacional e ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI)- diz que, para ele,
os países latino-americanos, com
exceção do Chile, fizeram, na verdade, reformas liberais de menos.
Ele acredita que o governo Lula,
por exemplo, precisa promover
reformas estruturais que viabilizem uma melhoria da infra-estrutura do país. Fischer discorda que
políticas industriais sejam importantes, "a não ser pelo fato de que
não se deve fazê-las".
Já Rubin-presidente do Comitê Executivo do Citigroup e ex-secretário do Tesouro norte-americano-tem uma posição mais
conciliatória. Para ele, a América
Latina "atingiu muito" com as reformas liberais. Mas ressalta que
faltam a países como Brasil e México ter políticas mais voltadas
para reduzir a pobreza.
As opiniões dos quatro badalados economistas foram compartilhadas com 12 jornalistas estrangeiros, durante seminários organizados pela Universidade Columbia, em Nova York, e patrocinados pelo Citigroup.
A referência citada sempre como contraponto ao desempenho
econômico ruim da América Latina era a Ásia. O tom do discurso
dos economistas quando falavam
da América Latina era sempre de
reticências "já a América Latina...", seguido por pessimismo,
invariavelmente, representado
pelo adjetivo "decepcionante".
A jornalista Érica Fraga viajou a convite
do Citigroup
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