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NEGÓCIOS
Wal-Mart negocia compras de lojas da rede BIG no Brasil; Carrefour oferece pontos de venda ao rival Pão de Açúcar
Concentração de supermercados pode crescer
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes da rede Wal-Mart nos Estados Unidos estiveram na última semana em visita
às lojas da rede BIG no Brasil -
pertencente ao grupo português
Sonae. Outra grande rede de supermercados, o Carrefour, quer
se desfazer de certas lojas e vendê-las. Os pontos foram oferecidos
ao rival Pão de Açúcar.
Novas mudanças, que envolvem as maiores empresas no varejo de supermercados, dão sinais
de que podem ocorrer logo. A
concentração do setor, que já é alvo de críticas pesadas da indústria, pode aumentar ainda mais.
A negociação entre o Wal-Mart
e o BIG está focada nas lojas da
empresa em São Paulo, que se tornaram um problema para a rede
portuguesa pelos resultados de
vendas tímidos.
Em relação ao Carrefour, a situação é ligeiramente parecida.
Há pontos de venda da bandeira
Champion, pertencentes à cadeia
francesa, que não estão alcançando o resultado esperado.
Isso tem ocorrido na cidade do
Rio de Janeiro. A hipótese de se
desfazer dessas unidades é o caminho discutido hoje pelos executivos da rede.
Novos passos
A mudança no controle do BIG
tem maiores chances de acontecer do que a venda do Champion
ao concorrente. O grupo Pão de
Açúcar não mostrou interesse pelos pontos da bandeira do Carrefour e sinalizou isso, de forma
preliminar, à rede francesa. O
Champion tem 22 lojas no Estado
do Rio de Janeiro.
Os novos movimentos escondem reestruturações nas empresas -que acontecem sem estardalhaço.
O Sonae quer se desfazer do BIG
em São Paulo para centrar o foco
em suas operações na região Sul,
com as redes Nacional e Mercadorama. Já fechou, inclusive, todas as suas lojas da bandeira Cândia na capital paulista. A última
foi fechada há duas semanas, na
zona norte de São Paulo. A companhia não comenta a informação e nega que queira sair da praça paulista.
O grupo Sonae admite em seus
últimos dois balanços financeiros
que "o ambiente macroeconômico no Brasil é adverso".
Afirma que "o cenário de degradação do rendimento disponível
das famílias e das altas taxas de juros e do desemprego" forçaram as
redes a abrirem poucas lojas em
2003. E diz que "diversos processos de consolidação [no Brasil]
implicarão no reforço da importância relativa do conjunto das
cinco maiores empresas".
No primeiro trimestre, a empresa vendeu R$ 961 milhões no país,
uma alta de 9% em comparação
aos primeiros três meses do ano
passado. Desse aumento, quatro
pontos percentuais referem-se a
um aumento de carga tributária.
"Localizada em pontos estratégicos, a rede BIG é uma boa opção
para o Wal-Mart e uma das últimas redes de grande porte disponíveis em São Paulo para a venda", diz Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer Consultoria.
Procurada pela Folha, a direção
da rede portuguesa em Lisboa
não se manifestou até o fechamento desta edição. O Wal-Mart
informa que não comenta rumores sobre aquisições.
Em recente entrevista à Folha,
John Menzer, o presidente do
Wal-Mart para a área internacional, afirmou que a rede está de
olho em novas compras no Brasil.
Dados de março mostram que a
companhia tem US$ 15,9 bilhões
em caixa para gastar como quiser:
pode pagar dividendos ou gastar
em investimentos no mundo.
Na mão de poucos
No caso do Carrefour, as mudanças que podem ocorrer são
parte das ações da nova diretoria,
que entrou em campo em fevereiro. Ajustes estão sendo feitos internamente e isso inclui fechamento de lojas não-rentáveis,
apurou a Folha.
A companhia não comenta oficialmente as informações a respeito da venda de lojas no Rio.
As redes regionais cariocas, como a Zona Sul e Guanabara, disputam o mercado e também existe um esforço por parte do Pão de
Açúcar de crescer na capital carioca, após a formalização de uma
parceria com a rede Sendas.
Negócios envolvendo grandes
cadeias do setor tendem a aumentar a atual concentração do mesmo. Cerca de 40% das vendas em
supermercados ocorrem nas cinco maiores cadeias do setor
-Pão de Açúcar, Carrefour, Wal-Mart, Sonae e Zaffari.
A indústria começa a reagir de
forma organizada a essa concentração e já se pronunciou publicamente contra esse movimento
neste ano, na voz da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo). Na ocasião, a Abras
(Associação Brasileira de Supermercados) questionou os dados
apresentados pela federação das
indústrias.
Quanto menos lojas existentes,
maior o poder de barganha do varejo na hora de negociar preços e
volume com fornecedores.
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