|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA COMERCIAL
Com a renda per capita alta, países do golfo Pérsico chamam a atenção dos exportadores brasileiros
Brasil tenta garantir mercado no Iraque
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma estratégia agressiva
para tentar abocanhar uma fatia
do projeto de reconstrução do
Iraque, o governo brasileiro vai
investir US$ 350 mil até o fim do
ano para participar de eventos comerciais no Oriente Médio.
Levará pela primeira vez, por
exemplo, empresas do país para a
maior feira de construção da região-a chamada Big 5 Show-
que ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em novembro deste ano.
A expectativa é que as empresas,
principalmente as fornecedoras
de materiais de construção, consigam fechar negócios com as companhias encarregadas da recuperação do Iraque, destruído após
mais de dez anos de embargo comercial e do recente conflito com
os Estados Unidos.
Os principais contratos foram
concedidos pelo governo dos
EUA a empresas do país que, agora, estão subcontratando outras
companhias. Por enquanto, o
Brasil está fora desse processo.
"A expectativa é que as empresas responsáveis pela reconstrução do Iraque, que deverá estar
ganhando fôlego no fim do ano,
busquem fechar negócios com
fornecedores nessa feira em Dubai", diz Juan Quirós, presidente
da Apex (Agência de Promoção
das Exportações Brasileiras).
Quirós acompanhou Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em sua visita ao
Oriente Médio no mês passado.
A participação das empresas
brasileiras na Big 5 Show, que já
acontece há mais de dez anos e
engloba cinco segmentos ligados
à infra-estrutura e à construção
civil, está sendo organizada pela
Apex e pela Câmara de Comércio
Árabe Brasileira. As duas instituições começarão a selecionar agora as companhias -de 15 a 20-
que terão espaço na feira.
Segundo Paulo Atallah, presidente da Câmara de Comércio
Árabe Brasileira, serão escolhidas
as empresas interessadas que tiverem maiores chances de fechar
negócios. Depois da feira, a comitiva fará um "road show" por Arábia Saudita e Kuait.
Oriente Médio
Além de querer pegar carona na
reconstrução do Iraque, interessa
também ao governo brasileiro
alavancar as exportações para o
Oriente Médio.
Depois de terem crescido 49,6%
em 2001 e 16,1% no ano passado,
as vendas externas do Brasil para
a região voltaram a aumentar
19,13% no primeiro semestre de
2003. Entre os principais produtos exportados estão desde produtos primários como carne de
frango e açúcar a automóveis.
Embora o volume exportado seja pequeno, US$ 2,6 bilhões em
2002, a entrada nesse mercado é
considerada fundamental.
"O Brasil precisa diversificar
mercados. A maior inserção em
regiões como o Oriente Médio e a
China em 2002 compensaram
parte das perdas com a crise argentina", diz Antônio Corrêa de
Lacerda, presidente da Sobeet
(Sociedade Brasileira de Estudos
de Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica).
Outra razão para a ofensiva a
novos mercados são as elevadas
barreiras que EUA e União Européia impõem a bens agrícolas.
Segundo Lacerda, a alta renda
média de alguns países do Oriente
Médio também torna esse mercado bastante atrativo. Segundo dados do Banco Mundial, cinco dos
sete países do golfo Pérsico têm
renda per capita anual acima de
US$ 8.000, mais do que o dobro
dos US$ 3.580 registrados pelo
Brasil em 2000.
O Brasil responde hoje por menos de 1% das importações do
Oriente Médio. O que, segundo
especialistas, indica que há espaço
para crescimento das exportações
para a região. Por isso, o investimento da Apex de US$ 350 mil
envolve a presença do Brasil em
duas outras feiras comerciais na
região, além da Big 5 Show.
A primeira ocorrerá em setembro na Síria, mas só envolverá
participação institucional do Brasil. A outra reunirá indústrias de
móveis em Dubai, em outubro.
As empresas brasileiras ainda estão sendo selecionadas.
De olho na alta renda do golfo,
outros países tentam aumentar
sua inserção no Oriente Médio.
Não por acaso, os EUA têm planos para negociar uma área de livre comércio com a região.
Texto Anterior: Profissão de catador atrai família Próximo Texto: Privatização: Governo pode desistir de privatizar o Besc Índice
|