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Classe média alta quer mais exclusividade
Gilberto Tadday/Folha Imagem
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Da esq. para a dir., Samara Santana, Daniela Vilela,
Samantha Vasconcelos e Maria Inês Santana, durante
compras em Nova York
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento econômico
dos últimos anos alçou cerca de
20 milhões de pessoas à classe
C -que passou a abrigar a
maior parte da população brasileira-, mas também empurrou para cima as camadas mais
elevadas da classe média e está
fazendo com que os hábitos de
consumo desse grupo passem
por uma transformação.
Devido à abundância de crédito, a classe C tem acesso, agora, a produtos que anteriormente não podia adquirir, como TV de plasma e tocador de
MP3. Assim, à fatia da população que está mais acima na pirâmide não basta exibir esses
produtos -tem que ser o último modelo, o de qualidade superior, o mais caro, o exclusivo.
Na opinião de Elizabeth Salmeirão, diretora de Retail &
Shopper Insights da empresa
de pesquisas TNS InterScience,
existe até uma faixa que está
mal atendida, a da classe média
alta. "É um público que não
precisa parcelar, que tem mais
dinheiro para gastar com restaurantes e viagens, mas fica
"espremido" entre o poder de
compra crescente das classes B
e C e as categorias de luxo, na
qual não se enquadra", explica.
"Os valores dessas famílias são
diferentes. Elas não são emergentes, elas têm escolaridade,
formação cultural, dão valor
para a qualidade de vida."
A empresa de pesquisas Market Analysis realizou sondagem
dos sentimentos do consumidor da classe média em 2006,
repetiu-a neste ano e teve uma
surpresa com os resultados.
Questionado se tem todas as
coisas materiais de que precisa,
a porcentagem dos discordam
subiu de 28% para 34%.
"Acontece o oposto do que se
dá na América do Norte e na
Europa. Notamos que o brasileiro mostra ter muito mais
apego pelos bens materiais agora do que tinha antes", afirma
Fabián Echegaray, diretor da
consultoria. "É uma fascinação
com esses itens, como se a
quantidade definisse a identidade das pessoas. Quanto mais
se tem, mais se quer."
Para Echegaray, trata-se
mais de um problema de "digestão" do que de "olho gordo".
"O avanço, no Brasil, se deu rápido demais e depois de quase
20 anos de recessão. Havia se
acumulado um alto grau de privação. Nos outros países, foi
gradual."
Desequilíbrio
O IBPT (Instituto Brasileiro
de Planejamento Tributário)
diz que o sistema tributário
brasileiro provoca desiguladade social ao taxar o consumo.
"Dessa maneira, famílias de
todas as faixas de renda pagam
impostos iguais. O comprometimento do orçamento é maior
para quem ganha menos. O governo deveria mudar o sistema
para tributar rendimentos e
patrimônio, o que significaria
mais equilíbrio", defende Gilberto Luiz Amaral, presidente
da entidade. Essa é a principal
diferença entre o sistema brasileiro e o americano.
Mudar a estrutura beneficiaria todo o país, pois, na avaliação de Amaral, democratizaria
o acesso aos produtos que tornam a vida melhor e, ainda, à
informação. "O Brasil faria distribuição de renda mais rápido,
essa é a verdade." O consumo,
para ele, também cresceria em
todos os estratos.
(DG)
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