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Empresas mantêm investimentos em alta
Estudo da Serasa com 800 balanços mostra que taxa de 7,4% ultrapassa a registrada nos começos de 2007 e de 2006
Setores de serviços de
energia elétrica e telefonia,
além da indústria de papel e
celulose, foram os que mais
investiram, mostra pesquisa
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Com base em balanços financeiros de 800 empresas de setores da indústria, do comércio
e de serviços, a Serasa constatou que os empresários expandiram os investimentos no primeiro trimestre deste ano em
relação a igual período de 2007.
Inflação e juros em alta passaram a preocupar mais as empresas no segundo trimestre,
mas não a ponto de levá-las a
interromper projetos para expandir a produção ou substituir
máquinas e equipamentos, como constatou a Sondagem
Conjuntural da Indústria de
Transformação da Fundação
Getulio Vargas de junho.
No primeiro trimestre, a taxa
de investimento de 800 empresas que divulgaram balanços foi
de 7,4%, maior do que a de igual
período de 2007 (7,2%) e de
2006 (6,3%). Para chegar a esse
indicador, a Serasa considerou
o valor do crescimento do ativo
imobilizado das empresas de
um ano para o outro sobre o faturamento líquido no período.
"Com a economia crescendo
desde 2004, todos os setores
passaram a investir mais", diz
Márcio Torres, gerente de análise de crédito da Serasa e coordenador do estudo.
O setor de serviços, que
abrange os serviços de energia
elétrica e de telefonia, foi o que
apresentou maior taxa de investimento no primeiro trimestre, de 9,7%. O setor industrial registrou taxa de 7,8%, e o
de comércio, de 1,3%. Nos serviços, a maior taxa é do setor de
energia elétrica, de 14,3%; e, na
indústria, nos setores de papel
e celulose (11,5%), siderúrgico
(9,5%) e químico (9,2%).
No primeiro trimestre deste
ano, o governo ainda não havia
tomado medidas para conter o
consumo, situação que mudou
no segundo trimestre, porém,
segundo alguns indicadores,
ainda sem impactos significativos nas empresas.
Sondagem com empresas feita pela FGV em junho mostra
que o nível de utilização da capacidade das fábricas estava em
86,4%, maior do que a de maio
(85,6%) e a de junho do ano
passado (84,7%) -61% das empresas tinham expectativa de
melhora nos negócios nos seis
meses seguintes.
"Os dados mostram que o pique de investimentos provavelmente esteve mantido também
no segundo trimestre", diz
Aloisio Campelo Jr., coordenador de sondagens conjunturais
da FGV. Consulta feita a 845
empresas em abril e maio mostrou que apenas 5% delas não
tinham planos de investimentos -o menor percentual já
identificado pela sondagem.
Das que tinham planos para investir, 56% citaram expansão
da capacidade de produção;
28%, aumento da eficiência e
11%, substituição de equipamentos. Para 73% das empresas, não há chance de não conseguir atender encomendas em
razão de eventual esgotamento
da capacidade produtiva.
Maior desde 2000
A taxa de investimento das
empresas no ano passado como
um todo foi de 9,2%, a maior
desde 2000. Para Torres, a expectativa da Serasa é que esse
percentual se repita ou seja ainda maior neste ano.
A alta da inflação e dos juros,
na avaliação de Campelo Jr.,
pode ter algum efeito nas empresas neste segundo semestre,
mas não significativo. "As empresas tendem a pensar no
ajuste da política monetária como um ajuste de rota e que não
haveria mudança tão abrupta
no cenário interno nos próximos 12 meses", afirma.
"Os investimentos se aceleram. Os juros subiram em abril.
Mas, para os empresários, mais
importante do que isso é a perspectiva de venda de seus produtos. O consumo continua firme", afirma André Rebelo, gerente do departamento de economia da Fiesp.
Sinal de que os investimentos estão em alta, na sua avaliação, é o ritmo do consumo aparente (produção menos exportação mais importação) de máquinas e equipamentos no país
-nos primeiros quatro meses
subiu 25% na comparação com
igual período do ano passado.
"Também fizemos uma pesquisa em abril sobre a intenção
de investimento e constatamos
que ela continua forte. A interrogação fica para 2009."
Julio Gomes de Almeida, assessor econômico do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), que
reúne 50 grupos industriais, diz
que inflação e juros em alta estão levando empresários a pensar se devem ou não conter os
planos de investimentos. "Hoje
existe, sim, essa indagação dentro da cúpula das empresas. Os
empresários têm dúvidas sobre
o que fazer", afirma.
A decisão sobre os investimentos, segundo ele, deve ser
dada até o final deste ano,
quando estará mais clara a política de juros do governo. "A
projeção é que a taxa Selic fique
em 14,25% ao ano no final de
2008, mas será menor ou maior
do que isso? A crise internacional também dá sinais de que é
mais grave do que se imaginava,
com a explosão dos preços das
commodities e a crise do setor
imobiliário nos EUA."
Para Caio Megale, economista da Mauá Investimentos, o
consumo e os investimentos
devem se desacelerar um pouco a partir deste semestre, "mas
será de forma suave". Ele prevê
que o PIB brasileiro cresça
3,5% no ano que vem.
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