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Cinemas crescem com avanço de shoppings
Nos últimos dez anos, o número de salas praticamente dobrou, passando de 1.075, em 1997, para 2.120, no ano passado
Apesar do crescimento de
locais de exibição, público
recuou 24% desde 2004; por
sua vez, preço do ingresso
aumentou 66% desde 2000
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Puxada pela expansão no setor de shoppings, a indústria cinematográfica completou em
2007 um ciclo de expansão de
dez anos consecutivos. O número de salas de cinema quase
dobrou, passando de 1.075 em
1997 para 2.120 no ano passado,
de acordo com a Filme B, empresa especializada no mercado de cinemas. E a tendência é
de crescimento continuado, ao
menos em um horizonte de
quatro anos.
Apenas na inauguração de
dois centros de compra em São
Paulo, o Bourbon Shopping
Pompéia, em março, e o Cidade
Jardim, em junho, a cidade ganhou 17 novas salas.
Os investimentos em shopping centers são a principal
mola do crescimento do mercado cinematográfico, já que os
exibidores se beneficiam de
condições especiais para ali
instalar salas de cinema. Cada
nova unidade aberta comporta
cinco ou mais salas multiplex.
"Cinema hoje é âncora, atrai
clientela. Por isso, todos os
shoppings oferecem melhores
condições aos exibidores", diz o
diretor da Filme B, Paulo Sérgio Almeida.
Dados da Alshop (Associação
Brasileira de Lojistas de Shopping) mostram que, no final do
ano passado, o país contava
com 644 shoppings, contra 622
em 2006. Nos próximos quatro
anos, a previsão é que sejam
inauguradas até 76 unidades,
segundo o diretor de Relações
Institucionais da Alshop, Luís
Augusto Ildefonso da Silva.
"Observamos um crescimento consistente nos últimos
anos. E isso vem alavancando
os investimentos na indústria
cinematográfica", afirma. Ele
diz que os incentivos aos exibidores vão do abatimento nas
taxas de condomínio até a isenção do aluguel.
Embora em constante expansão, a quantidade de salas
de cinema no país ainda é reduzida, se comparada com os anos
70. Em 1975, havia 3.276 salas
-20 anos depois, o setor chegou ao fundo do poço, e esse número caiu para 1.033. O mercado só voltou a se encorpar com
a chegada de gigantes americanas, como a Cinemark e a UCI,
no final da década de 1990.
Com o crescimento atrelado
ao setor de shopping centers, a
indústria cinematográfica vive
um paradoxo: de um lado, registra um aumento em sua capacidade, porém, de outro,
amarga uma redução no público espectador.
O número de ingressos vendidos caiu de 90,283 milhões
em 2006 para 89,319 milhões
no ano passado -decréscimo
de 1,07%. Desde 2004 -ano
que marcou o início da inflexão
de público-, no entanto, a queda foi da ordem de 23,95%, de
acordo com a Filme B.
A questão básica que se coloca diante desse do quadro é por
que os exibidores continuam
investindo em novas salas, uma
vez que a receita gerada pelo
público sofre um achatamento.
Longo prazo
Para o presidente da rede Cinemark no Brasil, Marcelo Bertini, o setor precisa acreditar
em um cenário de médio e longo prazos e não pode deixar
passar a "janela de oportunidades" aberta pelos shoppings.
O preço médio dos ingressos
para cinemas só fez encarecer
nos últimos oito anos. Em
2007, o valor médio ficou em
R$ 7,98, contra R$ 7,70 em
2006 e R$ 4,82 em 2000 -em
valores nominais-, conforme
informações da Filme B.
"A discussão sobre a política
de preços passará a ser mais intensa à medida que as exibidoras comecem a sentir uma
pressão sobre seu faturamento", diz Fernando Veríssimo,
editor-assistente da Filme B.
O encarecimento dos ingressos deve-se, em parte, à própria
mudança de padrão nas salas
de cinema. O investimento em
uma sala multiplex, com poltronas reclináveis e ala vip, por
exemplo, chega a R$ 1,5 milhão.
"Assim, o ingresso tem que
ser de ouro", afirma o diretor de
Relações Institucionais do
Grupo Severiano Ribeiro, Luiz
Gonzaga de Luca.
As meias-entradas também
passaram a ser outro fator de
encarecimento dos ingressos.
Em 1997, as meias representavam 20% dos ingressos vendidos. Hoje, esse percentual passou para 60%.
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