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Brecados nos EUA, "jipões" ganham mercado no Brasil
Venda de utilitários esportivos teve expansão de 55,2% no
1º semestre deste ano em relação a igual período de 2007
Alargamento nos prazos de financiamento e o litro da gasolina alheio à escalada do preço do barril de petróleo ajudam a explicar esse salto
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Os utilitários esportivos, que
até a recente alta do petróleo
eram uma febre entre as famílias norte-americanas de classe
média, começam a ganhar as
ruas das cidades brasileiras. Os
66.909 SUVs (Sport Utility
Vehicles) vendidos no primeiro
semestre representam expansão de 55,2% em relação ao
mesmo período de 2007, segundo a Fenabrave (Federação
Nacional da Distribuição de
Veículos Automotores).
O alargamento nos prazos de
financiamento e o litro da gasolina praticamente alheio à escalada do preço do petróleo no
exterior ajudam a explicar esse
salto. "Há uma forte tendência
de que esse crescimento continue", prevê Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, lembrando que os utilitários começaram a chegar ao mercado brasileiro timidamente na década de
1990, com a abertura das importações. A desvalorização do
dólar ante o real também vem
alavancando as vendas. "Os importados já não custam a fábula
que custavam", afirma.
Nos Estados Unidos, a crise
econômica -que elevou o endividamento da população-, a
disparada do preço da gasolina
e o enfraquecimento da moeda
estão levando os americanos a
repensar as despesas inerentes
a um veículo desse porte e as
montadoras a frear a produção.
De acordo com a AIAM, associação internacional que reúne
14 fabricantes, a participação
dos utilitários esportivos caiu
de 13,1%, em 2006, para 11,9%,
no ano passado, do total de veículos leves vendidos nos EUA.
No mês passado, apenas 95.335
unidades foram comercializadas, contra 156.040 em junho
de 2007. A participação passou
de 10,8% para 8%.
No Brasil, a liderança é do
Ecosport, da Ford, com 34,1%
dos utilitários emplacados no
primeiro semestre e preços a
partir de R$ 48,2 mil. "Conseguimos "roubar" clientes de todos os segmentos: carros pequenos, médios, grandes, picapes", afirma Antonio Baltar, gerente-geral de marketing da
montadora. Nesse período,
82% dos veículos vendidos
eram 1.6 flex e o restante, da
versão 2.0, movida a gasolina.
"O grande fenômeno do mercado brasileiro é o modelo flex."
Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores),
87,6% dos automóveis e comerciais leves vendidos no primeiro semestre eram desse tipo.
Consumo
"A novidade nos Estados
Unidos são os utilitários esportivos híbridos, a gasolina e com
motor elétrico, o que possibilita menor consumo de combustível. Um SUV que faz 10 km
[em um percurso urbano] com
um litro de gasolina pode chegar a 15 km se tiver um motor
elétrico", diz Marcelo Alves,
professor de engenharia mecânica da USP (Universidade de
São Paulo), que já considerou
nessa conta o gasto de gasolina
para carregar a bateria do motor. "Um automóvel faz por volta de 12 km."
Alves lembra que há ainda os
utilitários a diesel, "combustível mais usado em caminhonetes", e os que usam o E85, álcool
de milho com mistura de 15%
de gasolina. "É o percentual necessário para permitir a partida
mesmo em épocas de frio."
Para demonstrar como o
Ecosport é eficiente, o executivo da Ford contabiliza que é
possível rodar 11,4 km com um
litro de gasolina em via urbana,
contra 12,1 km com um Fiesta.
Após cinco automóveis, a fotógrafa Ronny Giarelli, 42 anos,
comprou em 2004 o primeiro
utilitário esportivo, um Ecosport 1.6. "É muito prazeroso dirigir um carro mais alto", diz.
Em abril deste ano, comprou
a versão 2.0. Ela conta que se
sente mais segura em um SUV
- "parece que estou numa "fortalezazinha'"- e considera que
o modelo que escolheu é econômico e passa uma imagem de
jovialidade. "O carro tem que
encaixar comigo."
Para Annuar Ali, vice-presidente do grupo Caoa, que comercializa a Hyundai no Brasil,
a paixão dos brasileiros por utilitários "não é modismo". O
Tucson, da montadora, movido
a gasolina, foi o segundo modelo mais vendido no semestre.
"Nossa garantia é de cinco
anos", destaca como um dos diferenciais. Neste ano, o utilitário começa a ser produzido no
país e os primeiros carros "made in Brazil" chegam ao mercado em 2009. Ainda assim, afirma, "flexfuel não consta de nosso plano atual".
Na terceira colocação no ranking de mais vendidos está o
Pajero, da Mitsubishi, que ocupava a segunda posição no acumulado de 2007. Cerca de 25%
são veículos importados.
Para Paulo Ferraz, presidente da montadora no Brasil, com
um utilitário esportivo "a percepção de dirigir muda como
um todo", o que inclui a forma
de superar obstáculos urbanos
corriqueiros como lombadas,
entradas de garagem, buracos
e ruas mal pavimentadas ou
alagadas.
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