São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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Bolsa escapa de perdas pelo mundo com alta de 0,59%

Ações recuam com inflação nos EUA; dólar cai a R$ 1,627

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dados econômicos decepcionantes nos EUA derrubaram as Bolsas nos principais centros financeiros. A exceção ontem foi o mercado brasileiro -a Bovespa terminou com alta de 0,59%, amparada na apreciação dos papéis da Petrobras. Todavia a queda da Bovespa acumulada no mês ainda é muito expressiva, de 9,86%.
A queda de ontem levou o índice Dow Jones a ficar no vermelho no mês, com baixa de 0,17%. No pregão de ontem, o índice, que reúne as 30 ações americanas de maior liquidez, caiu 1,05%. Para a Bolsa eletrônica Nasdaq, as perdas de ontem foram de 1,35%.
O dia começou com o resultado da inflação ao produtor americano (PPI na sigla em inglês), que mostrou resultado pior que as projeções dos analistas, com alta de 1,2% em julho. A pressão inflacionária indesejada pode forçar o Fed (o banco central dos EUA) a elevar os juros no país em breve.
Na Europa, os pregões foram ainda mais negativos: queda de 2,38% na Bolsa de Londres, de 2,34% em Frankfurt e de 2,64% em Paris. Na Bolsa de Tóquio, o principal índice acionário, o Nikkei, recuou 2,28%.
Outro dado americano que reforçou o clima pessimista foi o que mostrou que a atividade de construção de novas moradias recuou 11% no mês passado, o que levou a taxa, ajustada anualmente, a seu mais baixo patamar em 17 anos.
"O cenário internacional continua impregnado de pessimismo. O PPI acelerou fortemente em julho e trouxe de novo a inflação para o centro do debate. Não bastasse isso, o mercado imobiliário continua com expressiva desaceleração", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Corretora.
O setor financeiro, outro foco de preocupação, não deu trégua. Uma notícia do "Wall Street Journal", que disse que o Lehman Brothers poderia se ver forçado a vender parte de seus negócios, fez com que as ações do banco despencassem 13,04% na Bolsa de Nova York. Outras grandes instituições tiveram perdas acentuadas, como o Bank of America (4,16%) e o JPMorgan Chase (3,16%).
Para piorar o clima, Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do FMI, afirmou que um grande banco americano pode quebrar devido à gravidade da crise financeira internacional.

Ganhos
O que salvou a Bovespa ontem -que na segunda havia fechado em seu mais baixo nível em quase um ano- foi a valorização das ações da Petrobras, que subiram 2,99% (preferenciais) e 2,93% (ordinárias).
O cenário pouco favorável nos EUA permitiu que o barril de petróleo, que tem perdido valor nas últimas semanas, recuperasse-se ontem. O produto foi negociado a US$ 114,53 em Nova York, com alta de 1,47%.
"O que definiu o resultado do Ibovespa foi a alta da Petrobras. Mas ainda há muita dúvida em relação à Bolsa e não dá para afirmar que ela vai retornar a seus melhores momentos até o fim do ano", diz Silveira.
As ações da Vale, que ocupam a segunda posição em negociações e peso na formação do Ibovespa, também terminaram ontem em terreno positivo. Para as ações preferenciais "A" da Vale, a alta foi de 1,51%; as ordinárias subiram 1,53%.
Como destaque de ganhos ontem apareceram os papéis ON da BM&F, com alta de 10,99%, e da Bovespa Holding, que subiram 10,24%. No pregão de hoje, os dois papéis serão unificados, passando a ser BM&FBovespa ON.
No mercado de câmbio, o dólar terminou com baixa de 0,73%, vendido a R$ 1,627.


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