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Morre fundador da rede de eletrodomésticos G. Aronson
Empresário Girsz Aronson, 91, chegou a ter 34 lojas e faturar R$ 250 mi ao ano
Em 1999, rede faliu, com
dívidas de R$ 65 mi; no ano
seguinte, Aronson voltou ao
mercado e chegou a manter
4 estabelecimentos abertos
Almeida Rocha - 11.set.98/Folha Imagem
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Empresário Girsz Aronson, que morreu aos 91 anos em SP
DA FOLHA ONLINE
DA REPORTAGEM LOCAL
O corpo do empresário Girsz
Aronson, 91, que ficou conhecido como o "rei do varejo" em
São Paulo com a venda de eletrodomésticos, foi enterrado
ontem no Cemitério Israelita
do Butantã. Aronson, que morreu na noite de quinta-feira, estava internado desde fevereiro
no hospital Sírio-Libanês por
causa de um linfoma.
O dono da rede G. Aronson
descobriu que sofria de um
câncer em novembro. Ficou internado por três meses no hospital Oswaldo Cruz, até ser
transferido ao Sírio-Libanês.
A morte ocorreu às 20h50,
depois de ficar dois dias inconsciente. "Meu pai acreditava que
era eterno", disse a filha Eliane
Aronson. "Ele só deixou de trabalhar porque ficou doente."
Segundo nota do hospital, ele
morreu em decorrência de insuficiência de múltiplos órgãos.
Girsz Aronson deixa a mulher, Naid Mandra Aronson,
quatro filhos e três netos.
Nascido em 18 de janeiro de
1917, o russo de origem judaica
construiu um império de lojas
que chegou a ter 34 unidades
no Estado e faturamento de R$
250 milhões por ano. Chegou
ao país aos dois anos e começou
no comércio aos 12, vendendo
bilhetes de loteria em Curitiba,
onde morava com a mãe -viúva- e os irmãos.
A fama veio quando vendeu
um bilhete premiado e recebeu
do apostador parte do dinheiro.
A notoriedade lhe valeu convite
de uma empresa de casacos de
pele do Rio para ser representante de vendas em São Paulo,
em 1944. Foi naquele ano que
abriu a empresa G. Aronson.
Nos anos 60, criou a Gurilândia, especializada em artigos
infantis. A rede G. Aronson começou a se expandir nos anos
70, após comprar loja de fogões
em dificuldade financeira.
Seqüestro
Em setembro de 1998, Aronson foi vítima de seqüestro
dentro de sua empresa. Passou
14 dias no cativeiro e só foi solto
após o pagamento de um resgate de R$ 117 mil.
Em junho de 1999, a G. Aronson faliu, com dívidas de R$ 65
milhões. Na época, o comerciante culpou a explosão da
inadimplência e a redução do
poder de consumo da população. Em setembro de 2000, voltou ao varejo e inaugurou a primeira loja, com 20 m2, na rua
Conselheiro Crispiniano (centro de SP), com o nome G.A.
Utilidades Domésticas, com a
ajuda dos filhos. Em novembro
do mesmo ano, abriu a segunda
loja, na avenida Brigadeiro Luís
Antonio, com 700 m2.
A família chegou a manter
quatro lojas abertas em São
Paulo. Depois que Aronson ficou impossibilitado de trabalhar por causa da doença, a família fechou três estabelecimentos, diz Eliane. Apenas a
loja na Conselheiro Crispiniano ainda funciona.
Girsz Aronson era um empresário de hábitos simples.
Gostava de negociar diretamente com fornecedores e
clientes. Durante anos, ia trabalhar de bicicleta. Mesmo nos
tempos áureos dos negócios,
sempre tinha tempo para falar
com clientes e atender jornalistas. Era um dos poucos empresários, nos anos 90, que não
tinha receio de falar sobre aumentos abusivos de preços da
indústria eletroeletrônica e criticar o governo por causa da
elevada taxa de juros.
Para o presidente da Fecomercio SP, Abram Szajman, a
rede criada por Aronson representa um marco no varejo ao
antever o potencial do consumidor de baixa renda, baseado
no crédito e em prazos longos.
"Só que ele fazia isso sem o suporte de uma financeira. Por
essa atitude arrojada, acabou
pego no contrapé de uma crise
de explosão da inadimplência."
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