São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002 |
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GANÂNCIA INFECCIOSA Economista dos EUA diz que dólar fraco pode ser solução para os desequilíbrios externos Guerra contra Iraque seria pior que crise para emergentes
MARCELO BILLI RISCO PARA EMERGENTES - O
maior problema, analisando o
que já aconteceu, não é que o apetite por risco tenha caído, com os
investidores descobrindo que há
problemas escondidos nos balanços das empresas. O problema
mais grave é que o risco geopolítico está aumentando. Na minha
opinião, os mercados estão realmente reagindo menos às recentes revelações nos EUA e mais às
incertezas geradas pela quase certa operação militar dos EUA contra o Iraque. Há uma fuga para a
qualidade em antecipação a este
evento. Este é um dos principais
problemas que o Brasil terá que
enfrentar nos próximos 12 meses. MODELO AMERICANO - Claramente, a crença no modelo financeiro americano, baseado no mercado de títulos e ações, na importância dos acionistas e nos altos
incentivos dados aos executivos
das corporações, está em xeque
por causa das revelações recentes.
Já sabíamos que esse modelo dava
incentivos, e talvez incentivos demais, para que os administradores se preocupassem com o curto
prazo, e isso tem tanto custos
quanto benefícios. Agora que os
próprios EUA estão entre aqueles
que decidiram repensar suas virtudes, outros países devem se tornar mais relutantes em importar
seu modelo. A CRISE DAS BOLSAS - Os comentaristas financeiros exageram os
impactos dos ""crashes" do mercado de ações na economia. A
grande depressão de 1929, por
exemplo, foi consequência de
uma depressão econômica, não
uma causa independente. A demanda interna irá enfraquecer
por causa dos baixos valores das
ações. Os consumidores comprarão menos casas, e empresas de
alta tecnologia investirão menos.
Mas, a não ser que a correção que
está ocorrendo [no preços das
ações" fuja ao controle -e não há
sinais de que isso esteja ocorrendo-, acredito que os efeitos da
queda das ações serão brandos. HERANÇA DOS ANOS 90 - Não há
dúvida de que os excessos da última década deixaram como herança uma grande pendura: empresas e consumidores estão altamente endividados e isso fará
com que o crescimento seja baixo,
até que o legado dos excessos da
última década tenha definitivamente acabado. Agora que a
Enron, WorldCom e outros casos
surgiram, será mais difícil e caro
para as empresas financiarem sua
expansão, pois os investidores
analisarão os balanços com mais
cuidado. E custo financeiro maior
significa menos crescimento. REGULAÇÃO - Algumas normas
do sistema financeiro precisam
ser mais severas: as opções de
ações precisam ser tratadas como
uma compensação normal nos
balanços das empresas, auditores
e contadores devem ser proibidos
de prestarem serviços de consultoria aos seus clientes e os bancos
de investimento não podem ter
permissão para emprestar e prestar serviços de orientação financeira ao mesmo tempo. Veremos
uma tendência, nos EUA, de aumentar a regulação. DÓLAR FRACO - Um dólar mais
fraco pode ser de grande valia para os EUA. Há muito tempo acreditamos que um dólar desvalorizado é necessário como parte de
um processo para eliminar, ou diminuir, o grande déficit em conta
corrente dos EUA. Agora o dólar
mais fraco pode matar dois pássaros com uma pedrada só. A desvalorização do dólar, que significa
um euro mais forte, não facilitará
a vida dos europeus, claro. Mas
no longo prazo todos terão sido
ajudados pelo fim do excessivo
déficit dos EUA, fonte de um importante desequilíbrio global. |
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