|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
France Press - 04.Fev.2002
|
Manifestante protesta contra o escândalo da Enron e o Fórum Econômico Mundial em frente ao prédio da Arthur Andersen em NY |
GANÂNCIA INFECCIOSA
Bancos de Nova York prevêem pelo menos mais seis escândalos do porte da Enron e da WorldCom
Mais 18 companhias estão sob investigação
DE WASHINGTON
O pânico em Wall Street causado pelo escândalo corporativo
não deve acabar cedo. Sob sigilo,
a SEC (Securities and Exchange
Commission, órgão federal que
fiscaliza o mercado acionário nos
EUA) investiga a ocorrência de
crimes contábeis em mais 18
grandes companhias listadas nas
Bolsas norte-americanas.
Seus nomes não foram ainda
revelados mas, segundo previsão
de dois grandes bancos de investimentos em Nova York, haverá
ao menos seis novos escândalos
contábeis como os que quebraram a companhia de energia
Enron no ano passado e ameaçam a dissolução da gigante das
comunicações WorldCom.
Das 18 companhias investigadas, sabe-se apenas que 11 delas
eram clientes da Arthur Andersen, a empresa de auditoria condenada por obstrução da Justiça
devido a sua participação na quebra da Enron.
Se depender da velocidade com
a qual novos casos surgiram nos
últimos 10 dias, os próximos serão agitados. No último dia 12, a
companhia farmacêutica Bristol-Myers Squibb informou ser a
mais nova empresa americana
com problemas contábeis. Ela
admitiu que está sendo investigada pela SEC pela suspeita de ter
inflado suas receitas nos últimos
dois anos por meio da venda de
medicamentos com descontos a
atacadistas. A suposta maquiagem é calculada em US$ 1 bilhão.
Na terça-feira, a Duke Energy
admitiu que realizou negócios de
energia irregulares, aprofundando o escândalo no setor de energia e gás natural. A companhia
mais visada nesse setor é a Halliburton, dirigida até 2000 pelo vice-presidente Dick Cheney e
também auditada pela Andersen.
Na mira da SEC
Cheney ocupou a direção executiva da empresa - que fornece
produtos e serviços para a indústria de energia- de 1995 a 2000.
Tanto a companhia quanto o vice-presidente estão na mira da
SEC.
Na quinta-feira, foi a vez da
AOL Time Warner. O "Washington Post" revelou que a gigante
das comunicações teria forjado
seus balanços em cerca de US$
250 milhões. Como resultado, o
vice-presidente de operações da
companhia, Robert Pittman, pediu demissão.
Esses casos vêm se somar aos
da Enron (US$ 3,9 bilhões), Tyco
(US$ 8,0 bilhões), Vivendi (US$
1,5 bilhão) Xerox (US$ 6,4 bilhões) e WorldCom (US$ 3,8 bilhões), entre outros. As alterações
de balanço já somam cerca de
US$ 30 bilhões, valor equiparável
ao PIB do Uruguai.
Além das suspeitas que recaem
sobre o vice-presidente Cheney,
as atenções estão voltadas para a
decisão que a SEC irá tomar no
caso do próprio presidente George W. Bush, investigado em 1991
pela venda suspeita de suas ações
na Harken, outra companhia
energética do Texas - como a
Halliburton e a Enron.
Nomeado no ano passado pelo
próprio Bush, o presidente da
SEC, Harvey Pitt, resiste a divulgar os arquivos sobre a investigação feita na época, que acabou livrando Bush de sanções embora
tenha reconhecido que o presidente demorou meses para comunicar a agência sobre a venda.
O pleito norte-americano que
elegeu Bush em 2000 foi o mais
caro já registrado na história. Somados, os gastos com campanhas presidenciais, parlamentares e de 11 governadores somaram US$ 3 bilhões, segundo o
Center for Responsive Politics e o
opensecrets.org, entidade e website que fiscalizam doações eleitorais nos EUA. Bush e o Partido
Republicano bateram o recorde.
Arrecadaram US$ 187 milhões.
Como comparação, a campanha
da coligação partidária que elegeu o presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998 arrecadou cerca de US$ 40 milhões. Entre os principais doadores estavam AT&T, Philip Morris, Microsoft e Enron.
(MARCIO AITH)
Texto Anterior: Entrevista: Robert Brenner: Crise do dólar pode provocar alta de juros e afetar mais países pobres Próximo Texto: Guerra contra Iraque seria pior que crise para emergentes Índice
|