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Estudo de "contabilidade criativa" vira disciplina em universidades
DE NOVA YORK
Quando os investidores e analistas financeiros dizem que o
mercado norte-americano aprendeu muito com os escândalos
contábeis em grandes corporações que tomaram o país de assalto nos últimos meses, podem estar sendo mais literais do que
imagina a vã filosofia.
É que, a partir do próximo ano
letivo dos Estados Unidos, que
começa em setembro, pelo menos
20 das principais universidades
do país oferecerão cursos sobre o
fenômeno já chamado de "contabilidade criativa".
Não, não se trata de ensinar aos
alunos como maquiar o balanço
das empresas. O objetivo é justamente o oposto: preparar o estudante para que, uma vez atuando
no mercado financeiro ou no
mundo dos negócios, seja como
contador, corretor, analista ou
mesmo executivo, possa perceber
quando uma companhia não está
dizendo totalmente a verdade em
suas declarações financeiras e balanços periódicos.
É o que professores já estão chamando, em tom de brincadeira,
de "Enron 101", numa referência à
gigante do setor de energia e ao
número que invariavelmente
acompanha os nomes dos cursos
para iniciantes no sistema educacional dos EUA. A energética
Enron quebrou em dezembro
passado e detonou a série de escândalos contábeis.
Sinal dos tempos
A que saiu na frente foi a Universidade da Califórnia, que oferecerá para seus estudantes de
economia e administração o curso "The Enron Case" (O Caso
Enron), valendo dois créditos. No
prestigioso Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) estão previstos estudos das empresas Tyco, Global
Crossing e Xerox.
"Lessons from Enron" (Lições
da Enron), da Universidade de
Washington, "The Accounting
Lyceum" (O Liceu da Contabilidade), dado pela Universidade de
Notre Dame, e "Problems in Accounting" (Problemas na Contabilidade), da Universidade do Texas, são alguns dos outros cursos.
O fenômeno levou a entidade
que emite os certificados para os
contadores norte-americanos, o
American Institute for Certified
Public Accountants, a mudar seu
exame a partir de 2004. O novo
teste apresentará um balanço maquiado e o candidato terá de achar
os truques utilizados.
Não que o instituto esteja com
uma fila grande de candidatos à
espera dos certificados. Segundo
o Departamento de Educação dos
EUA, a procura por faculdades de
contabilidade no país caiu 27%
nos últimos quatro anos.
A queda tende a se acentuar, pelo menos se depender da colaboração dos apresentadores de "talk
shows", que abandonaram os advogados em favor dos contadores
como principal vítima de suas
piadas.
(SD)
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