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Queda de commodities afeta Vale e Petrobras
No ano, ações da mineradora acumulam baixa de até 21,9%, e as da petrolífera, de até 13%, ante perda de 6,10% da Bovespa
Alta do dólar no exterior afeta
cotação de matérias-primas e
prejudica empresas na Bolsa; oferta de papéis abaixo do
esperado reduz preço da Vale
DA REPORTAGEM LOCAL
As ações da Vale e da Petrobras, as duas vedetes do mercado acionário brasileiro, têm enfrentado pregões bastante desanimadores. Na semana passada, as ações estiveram entre
os papéis do índice Ibovespa
que mais perderam. No ano, o
resultado de ambas também
não é nada empolgante.
A recente perda de fôlego das
commodities metálicas e do petróleo é um dos motivos que explicam o mau desempenho dos
papéis nos últimos pregões. A
grande dúvida do investidor
agora é se as ações dessas empresas já se ajustaram o suficiente ou se ainda há ladeira para descerem.
O desempenho dos papéis da
Vale no ano são piores que os da
Petrobras. A ação ON (ordinária) da empresa tem perdas de
21,87% em 2008; a PNA (preferencial "A") recuou 20,18% no
período. Para a Petrobras, as
quedas em 2008 são de 13,03%,
nas preferenciais, e de 11,90%,
nas ordinárias.
Todos esses papéis sofrem
com perdas bem superiores à
baixa acumulada pela Bovespa
no ano, que é de 6,10%.
"Petrobras e Vale podem ainda ficar um pouco devagar no
segundo semestre, especialmente se compararmos com a
expectativa para outros setores, como o bancário e o de consumo. Mas esses são papéis que
todo gestor gosta de ter na carteira", avalia Rafael Moysés,
gestor da corretora Umuarama.
Apenas na semana passada,
as ações ON da Vale caíram
8,29%, e as PNA recuaram
6,49%. Os papéis ON da Petrobras perderam 6,97% na semana, e os PN, 5,91%.
"Mas a Vale tem conseguido
acertar importantes reajustes
de preços. E a Petrobras vai ter
novas explorações para concretizar em um futuro próximo",
afirma Moysés.
Um ponto que colaborou para prejudicar o desempenho da
Vale na última semana foi a
oferta de ações que realizou.
Como os valores das novas
ações ficaram abaixo dos praticados no mercado, acabaram
por derrubar os preços dos papéis na Bolsa. Além disso, o volume captado decepcionou, ao
ficar abaixo das estimativas.
A empresa mineradora levantou com a oferta de ações
cerca de US$ 12,1 bilhões, quando se falava no mercado na possibilidade de a operação alcançar os US$ 15 bilhões.
A fraqueza demonstrada por
essas ações assusta muita gente
que tem economias investidas
nelas apenas por causa do
FGTS. Em agosto de 2000,
aproximadamente 335 mil trabalhadores utilizaram parte de
seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para adquirir
ações da Petrobras. No caso da
Vale, o mesmo ocorreu em
março de 2002.
Segundo levantamento da
Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento),
até o dia 15, os fundos FGTS/
Petrobras registravam desvalorização de 6,28% no ano. Para
os fundos FGTS/Vale, a perda
era mais expressiva, de 16,49%.
Esses fundos ainda contam
com patrimônios elevados, de
R$ 9,6 bilhões, no caso de
FGTS/Petrobras, e de R$ 6,36
bilhões, no caso de FGTS/Vale.
No ano, juntos, os saques líquidos desses dois fundos alcançam cerca de R$ 900 milhões,
segundo a Anbid.
"O investidor tem de ficar
atento às informações internacionais, porque, se o dólar se
aprecia lá fora, acaba por derrubar o valor das commodities no
mercado. E as ações de Vale e
Petrobras acabam sendo afetadas negativamente por esse tipo de movimento, como temos
visto nos últimos pregões",
afirma Jason Freitas Vieira,
economista-chefe da UpTrend
Consultoria Econômica.
(FABRICIO VIEIRA)
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