|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reserva pré-sal pode ter custo de US$ 200 bi
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A exploração de uma pequena parte das reservas do pré-sal
pode custar até US$ 200 bilhões. A estimativa inclui apenas os campos ao redor de Tupi,
como Iara, Júpiter, Carioca,
Bem-Te-Vi, Guará e Caramba.
Dos 17 poços furados na região
pela Petrobras até agora, todos
demonstraram haver petróleo
a mais de 6.000 metros de profundidade antes da manta de
sal no subsolo do oceano.
Segundo Giuseppe Bacoccoli, professor da Coppe/UFRJ e
especialista em petróleo e gás,
as estimativas demonstram
que o governo deverá escolher
muito bem o modelo que pretende adotar para a atração de
capitais. Crítico da proposta de
criação de uma nova estatal para gerenciar as reservas do pré-sal, Bacoccoli lembra que ainda
há questões bem mais triviais
do que o novo modelo que ainda não foram resolvidas.
"Além das barreiras tecnológicas para esse tipo de exploração, há coisas bem mais simples, como a logística dos helicópteros para levar as pessoas
até as plataformas, já que é
muito longe, ou mesmo o que
fazer com o gás natural. Um gasoduto da área de produção até
o continente tem um custo
muito grande", explica.
Para Edmar Almeida, professor do Instituto de Economia
da UFRJ e membro do grupo de
economia da energia, a exploração da região vai demandar
cerca de 40 plataformas de petróleo. "Isso vai exigir um volume de capital enorme e sem um
planejamento muito cuidadoso
há riscos de você fazer com que
os recursos para investimentos
passem a ser sugados por um
único setor, comprometendo
outras áreas da economia brasileira", alerta o especialista.
A origem dos recursos para
bancar a exploração do pré-sal
dependerá do modelo que será
adotado. "Se o governo mantivesse o atual sistema de concessões, o investimento seria
feito pelas companhias que arrematam os blocos. Com a alteração do modelo, fica difícil saber a origem do capital e que tipo de negociação haverá", diz
Marcos Cunha, vice-presidente
de originação e operação estruturada do banco de investimento WestLB no Brasil.
Para David Zylbersztajn, ex-presidente da ANP (Agência
Nacional do Petróleo), a preocupação em relação à mudança
do modelo de cessão de áreas
para exploração do petróleo é o
risco de transformar o governo
em negociador de petróleo.
A expectativa é que, ante a
criação de nova estatal, o modelo contratual passe a ser o de
partilha, no qual o Estado obtém sua renda em petróleo e
não em dinheiro. "A partilha é
um modelo de contrato típico
de países centralizadores, que
negociam o petróleo sem grande transparência."
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Petrobras quer participação maior da União Índice
|