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Petrobras quer participação maior da União
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras defende o aumento da participação da
União na empresa como forma
de se fortalecer para investir
nas descobertas do pré-sal.
De acordo com o plano da
companhia, a operação seria
feita por meio de uma emissão
privada, aberta apenas ao atual
controlador da companhia, o
Estado. Dos atuais 40% de participação, o Tesouro chegaria a
algo próximo a 60%.
As nove descobertas já feitas
no pré-sal da bacia de Campos
demandam investimentos de
cerca de US$ 600 bilhões.
Estimativas preliminares indicam que a capitalização poderia gerar até US$ 100 bilhões
aos cofres da Petrobras. O aporte seria quitado com os dividendos que a União terá a receber da Petrobras, que tendem a
engordar com o início da produção no pré-sal.
Na prática, a proposta é quase uma reestatização da companhia, pois os acionistas privados -com 60% do capital-
teriam suas posições diluídas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que nenhum campo já licitado à Petrobras e às suas parceiras migre para o portfólio da nova estatal que o governo estuda
criar, apurou a Folha. A nova
companhia, que será 100% da
União, será responsável apenas
pelas áreas sem concessão.
Não há risco de um esvaziamento da Petrobras, relataram
pessoas próximas às discussões
sobre o novo modelo. Ao contrário: a Petrobras, no novo escopo, será parceira prioritária
da nova estatal. A idéia é que a
companhia criada para o pré-sal fique com a administração
dos contratos de partilha de
produção e tenha uma estrutura gerencial enxuta.
A grande operadora de campos petrolíferos do país ainda
será a Petrobras, que ficará
com boa parte dos contratos de
campos sem concessão.
Segundo apurou a Folha, as
idéias de constituir a nova estatal e capitalizar a Petrobras
eram inicialmente antagônicas, pois foi proposta pela Petrobras como uma alternativa à
criação da nova companhia.
Mas a Petrobras passou a vê-las como complementares. É
que o maior desafio do pré-sal é
justamente levantar recursos
para financiar a produção nos
campos já licitados.
Inclinação
Embora não haja decisão formal sobre a criação da nova empresa, existe uma "forte inclinação" do governo para constituir a nova estatal, dizem pessoas próximas às discussões.
Anteontem, houve uma reunião da comissão interministerial que analisa propostas para
o novo regime exploratório do
pré-sal. Nela, foram apresentadas as áreas do pré-sal que ainda não têm concessão, debatido
o modelo de exploração de partilha de produção e citado o
"case" da Noruega. O país nórdico é visto como exemplo, pois
criou um fundo para beneficiar
as gerações futuras e uma nova
estatal dedicada a administrar
as finanças.
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