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Governo deixará no exterior parte dos recursos de óleo do pré-sal, diz Mantega
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para evitar aumentos da inflação e uma valorização do real
ante o dólar, o governo brasileiro deixará no exterior parte dos
recursos obtidos com as exportações do petróleo retirado da
camada do pré-sal, segundo o
ministro Guido Mantega (Fazenda). Ele também estimou
entre US$ 200 bilhões e US$
400 bilhões o valor das reservas
de petróleo descobertas a mais
de 7.000 metros de profundidade e informou que até o final
de setembro o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva definirá o
modelo de exploração dessas
reservas.
Segundo entrevista de Mantega ao programa de rádio oficial "Bom dia, Ministro", uma
parcela do dinheiro arrecadado
no pré-sal entrará no país para
financiar a educação, prioridade já definida pelo presidente.
Outra parcela dos recursos,
no entanto, terá que ficar no exterior, provavelmente depositada no FSB (Fundo Soberano
do Brasil), instrumento que o
governo quer ver aprovado pelo
Congresso até o final do ano.
"Uma parte do resultado das
exportações não poderá entrar
no país porque causará inflação
ou valorização excessiva do
real, prejudicando os exportadores e causando a chamada
"doença holandesa'", disse.
Um aumento muito grande
nas exportações implica uma
troca de dólares por reais. Esse
movimento eleva a quantidade
de dinheiro na economia e pode ter impacto sobre os preços.
O outro impacto ocorre na taxa
de câmbio, pois, quando há
muito dólar para ser trocado
por reais, a cotação despenca.
A referência do ministro à
"doença holandesa" diz respeito ao efeito que um aumento
nas exportações de petróleo
pode ter sobre a desindustrialização do país e excessiva dependência de apenas uma fonte
de recursos. Mantega esteve
ontem com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para pedir pressa na aprovação do projeto do FSB. A proposta do governo trancará a
pauta da Câmara no início de
setembro.
Se o fundo não for criado neste ano, disse ele, a economia extra de R$ 14,2 bilhões que o governo fará terá que ser usada
para abater a dívida pública e
não poderá ser destinada ao
FSB, como previsto inicialmente. "Prefiro que esse dinheiro fique guardado como
poupança [em vez de ser usado
para abater a dívida]", disse
Mantega. Além de prioridade
para o FSB, o ministro da Fazenda também pediu que os deputados avancem na discussão
do projeto que limita das despesas com pessoal, em tramitação há um ano e meio, e na reforma tributária.
Mantega explicou que apenas após a aprovação da reforma é que o governo levará
adiante a proposta de aumentar o número de alíquotas do
IRPF (Imposto de Renda da
Pessoa Física).
No programa de rádio, o ministro insistiu na tese de que a
inflação já está caindo e que o
aumento de juros feito pelo BC
(Banco Central) não será suficiente para conter o crescimento da economia. Mantega também defendeu a manutenção
da meta de inflação em 4,5%
nos próximos anos e disse que
os trabalhadores brasileiros estão conseguindo realizar muitos de seus sonhos.
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