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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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Diretor do órgão diz que críticas não são objetivas

Ibama diz que é acusado de proteger a lei ambiental

DA REPORTAGEM LOCAL

"Isso não passa de uma tentativa de constranger a lei ambiental no Brasil." Essa é a opinião do diretor de licenciamento do Ibama, Nilvo Alves da Silva, sobre as críticas que os empresários têm feito ao processo de licenciamento do órgão. Segundo ele, essas críticas não são pertinentes.
Silva é engenheiro químico, com mestrado em ecologia pela Universidade do Rio Grande do Sul e em gestão ambiental pela Universidade de Londres. Assumiu a diretoria de licenciamento do Ibama em fevereiro. Antes, presidia a Fundação de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul.
Leia a seguir trechos da entrevista. (BERTA MARCHIORI)

 

Folha - O que o sr. acha das críticas dos empresários à demora do Ibama em conceder licenças ambientais?
Nilvo Alves da Silva -
Somos acusados de proteger o ambiente. Foram feitas várias críticas, normalmente muito gerais. Em algumas áreas, as críticas são pertinentes, mas, em geral, são imprecisas. As críticas objetivas levantadas na Abdib foram verificadas e não são pertinentes.

Folha - Por que eles reclamam da demora no licenciamento?
Silva -
As grandes críticas foram sobre hidrelétricas, que são empreendimentos complexos. Algumas provocam reassentamentos de populações urbanas inteiras. Nós trabalhamos com a vida das pessoas. As pessoas querem saber para onde elas vão, qual é a indenização que elas vão ter direito a receber. E isso é tratado no licenciamento ambiental.

Folha - Qual o tempo necessário para avaliar cada licença?
Silva -
O prazo legal da licença prévia para hidrelétrica é de um ano. Mas o prazo não conta o tempo tomado pelo empreendedor com as complementações.

Folha - Por que a hidrelétrica de Tijuco Alto, do Antônio Ermírio de Moraes, foi negada?
Silva -
Ela foi negada porque os estudos que foram apresentados não demonstravam a viabilidade. Foi um licenciamento cheio de complementações, com estudos débeis. Não havia mais como prolongar um licenciamento de 12 anos. Essa permissividade dos órgãos ambientais, que admite sempre a possibilidade de complementar, é que tem levado a licenciamentos de dez anos. Exatamente a crítica que fazem os empreendedores.

Folha - E o caso da usina de São Salvador, da Tractebel?
Silva -
A empresa perdeu oito meses tentando fazer com que o Ibama licenciasse essa obra sem estudo de impacto ambiental. Não há alternativa para isso. A alternativa é a ilegalidade. Neste ano nós chamamos a empresa e eles estão fazendo o estudo. Demorou, demorou. Mas de quem é a responsabilidade? [A Tractebel não respondeu aos telefonemas da reportagem].

Folha - Por que os empresários reclamam agora, se o senhor diz que sempre foi assim?
Silva -
Eles sempre reclamaram. Na nossa opinião, isso não passa de uma tentativa de constranger a lei ambiental no Brasil. Hoje, só não conversa com os órgãos de ambiente quem não quer.

Folha - Por que os empresários reclamam do Ibama e não dos órgãos estaduais?
Silva -
Isso eu não posso te responder, mas acho que é porque o Ibama indeferiu uma hidrelétrica em particular.

Folha - A do Antônio Ermírio?
Silva -
Foi a única que nós indeferimos neste ano.



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